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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Cafezinho do Preto Velho


Vamos tentar entender uma historia de Um Preto Velho?

Conta uma lenda que ele jurou ao pé da cruz das almas, pois perdera muitos dos seus em doenças trazidas do ocidente, jurou que viveria seus últimos anos ao pé de uma cachoeira, embrenhada na mata seria ali sua morada, para encontra-lo somente os necessitados e aqueles que sabem seguir seu coração.

Mas vamos falar como tudo começou, ainda jovem nasceu em meio a uma guerra tribal na África, em 1820, tribos brigavam para ampliar seus domínios, não poupando sequer as mulheres e crianças, sua mãe já viúva de seu pai morreu em combate, concedeu-o em meio as matas, ao pé de uma cachoeira, qual foi ali banhado pela primeira vez, seu corpo frágil, mergulhado na águas frias por três vezes vês-lhe acordar para a vida, um preces a Obaluaê as amigas de sua mãe entoavam sua chegada, com um galho de arruda fora batizado no mesmo momento, para que não seguisse pagão, pois em meio da guerra travada, seria quase impossível qualquer sobrevivência, seu choro fora abafado rapidamente pela toalha roxa de Oxum, trazida na cabeça de velha rezadora que viera a convite de sua mãe, acenderam-se três velas em forma de um triangulo ao pé da cruz, para consagrar o mais novo filho aqui chegado, passara-se alguns anos deste dia, sua mãe muito velha e cansada retornou novamente a aquela cachoeira, pediu a Mamãe Oxum que guarda-se os dons e a vida daquele menino, voltou a aldeia e entregou-lhe a sua madrinha Sinhá benzedeira, disse-lhe que caso falta-se a ela as forças da caminhada nesta vida, cuida-se de seu filho como se fosse saída de seu ventre, concretizou-se o destino e sua mãe já não se encontrava entre nós no momento que sua madrinha começou a ensinar-lhe seu aprendizado, aprender a cuidar das mãos, como se fossem elas os transmissores da energia, aprendeu a plantar as ervas e também a colher-lhe o sumo da medicina, aprendeu a oferecer e praticar a gratidão sem receber nada em troca, caiu de joelhos aos Orixás da Cura e da condução das almas, montou seu consultório em uma casa de sape com paredes de barros e luz de lampião, sua maca era as folhas secas encontradas na mata, seu bisturi era os olhos dos animais sucumbidos pela velhice, em cada objeto depositara a energia aprendida com sua madrinha, de dia e de noite colhia as ervas, conforme a necessidade, nos filhos foi um agricultor, plantando o amor em seus corações, colhia os frutos desse amor todos os dias, pois não faltava-lhe comida e cobertor, doados por aqueles que receberam a cura através de suas mandingas, não faltava nada a ele, mas um certo dia, acontecera o pior dia em sua vida.

Invadida sua aldeia, feito escravo foram um a um conduzidos a um grande navio, valei-me meu Pai, esta foi sua ultima frase em terras africanas, nos dias que se seguiram foi trabalhando na cura dos amigos que lá se encontravam, muitas vezes seu suor servia de liquido na limpeza das feridas, morreram muitos, pois não tinha suas ervas a mão para produzir seus medicamentos, quando em terra, foi lhe dito para trabalhar na lavoura de café, café este que aprendeu a semear e cultivar, sementes que são colhidas e separadas, algumas viram a doce bebida e outras, voltam para a lida para semear a próxima colheita, dissera ele uma noite quando seus irmãos reunidos em volta da fogueira, o café que aqui plantamos percorrera anos a fio, a cada grão plantado será retirado um punhado para novamente ser plantado, estas sementes que plantamos agora seguira por muitos anos e talvez séculos a nossa frente, serão sempre sementes filhas daquelas que fertilizamos com nosso suor, quando beberem os cafés espalhados pelo mundo cultivadas nessa terra, ao qual será o maior distribuidor de café do mundo, sentiram nele o gosto da nossa liberdade, sentiram a fraquezas daqueles que lutaram ate o fim na lida, sentiras ao beber toda nossa dor e saudaras nossas almas com um copinho oferecido a nós quando virarmos Pretos velhos.

Será no café que levarei nossa energia, semente após semente com o prosseguimento da vida da mãe após filho será sempre a mesma semente plantada, do punhado retira-se algumas para plantar novamente formando assim o ciclo da vida do café que estes escravos plantaram um dia.

Quando acabou a escravidão já era muito velho nosso curandeiro, retirou-se e embrenhou-se na mata, levando consigo somente a roupa do corpo e um punhado de grãos de café nos bolso, construí uma cabana ao pé de uma cachoeira, viveu ali ainda por muitos anos, plantando e colhendo café, regava diariamente sua plantação com a água daquela cachoeira, distribuía o café feito e também seus grãos a todos que passavam por lá mas sempre era dado um punhado maior a todos que viajavam para longe, muitos não entendiam e alguns perguntavam o porque de receberem menos do que aqueles que viajavam, respondia com um grande sorriso intrigante, é que eles prometeram-me queimarem somente alguns grãos e o restante plantarem para assim semear o futuro.

Hoje este Preto Velho recebe um cafezinho nos terreiros, saúda Mamãe Oxum e sorri reconhecendo o sabor dos grãos aqui fecundados por ele.

Autor Emidio Campos

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