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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Curas mediúnicas e operações espirituais



1.0 - Introdução

A maioria das pessoas, espíritas ou não, já ouviu falar das operações espirituais. Elas seriam intervenções cirúrgicas feitas no perispírito por médicos desencarnados, sem cortes no corpo material, tendo em vista restabelecer a saúde física de pacientes enfermos. Será que tal procedimento é possível de ser realizado? Este tipo de auxílio poderia ser implantado rotineiramente nas atividades do centro espírita? Haveria algum impedimento legal ou doutrinário a ser observado? A finalidade deste estudo é a de encontrar respostas a tais questionamentos, tendo em vista o aprendizado e a melhoria dos serviços mediúnicos prestados nessa área pelos centros espíritas.

No Grupo Espírita Bezerra de Menezes, na cidade de São José do Rio Preto, SP, foi observado o trabalho de uma equipe de Espíritos cirurgiões durante cinco anos, com auxílio de médiuns videntes.

Pelos resultados obtidos, ficou demonstrado que, sob o patrocínio da Misericórdia Divina, esses mensageiros celestiais prestam importante serviço no campo do alívio e cura das doenças físicas. Fundamentando-se nessas observações e na argumentação doutrinária, pode-se afirmar com grande probabilidade de acerto, que as operações espirituais são perfeitamente possíveis.



1.1 - O perispírito e os órgãos psicossomáticos

Quando realizou seu trabalho na Codificação, Allan Kardec colocou a existência do corpo espiritual como sendo um dos alicerces no qual se assentava a fenomenologia mediúnica. Chamou esse corpo de ''perispírito'', designando-o como o elo invisível, fluídico, a unir o princípio espiritual ao princípio material. Disse tratar-se do veículo transmissor do desejo do Espírito ao corpo físico, como também das impressões desse último à apreciação do próprio Espírito. Concluiu também, que o corpo espiritual é feito de uma variação do fluido universal, retirada do orbe onde o Espírito está encarnado.

Sem o perispírito, disse o Codificador, o Espírito, fundamentalmente abstrato, não poderia agir sobre a matéria, ficando impossibilitado de encarnar-se para vivenciar suas experiências evolutivas. Explicou ainda, que o corpo espiritual exerce um papel muito importante na saúde física, pois alterações na sua estrutura fluídica são capazes de perturbar a ordem molecular no corpo carnal, podendo levar ao enfraquecimento orgânico e originar doenças.

Em um de seus estudos, publicado na Revista Espírita, ano de 1866, Allan Kardec demonstrou que o corpo material e o espiritual são provenientes da mesma fonte, isto é, do fluido básico universal.

''A natureza íntima da alma, isto é, do princípio inteligente, fonte do pensamento, escapa completamente às nossas investigações. Mas sabe-se agora que a alma é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, que dela faz, após a morte do corpo material, como antes, um ser distinto, circunscrito e individual. A alma é o princípio inteligente considerado isoladamente; é a força atuante e pensante, que não podemos conceber isolada da matéria senão como uma abstração. Revestida de seu envoltório fluídico, ou perispírito, a alma constitui o ser chamado Espírito, como quando está revestida do envoltório corporal, constitui o homem. Ora, posto que no estado de Espírito goze de propriedades e faculdades especiais, não cessou de pertencer à humanidade. Os Espíritos são, pois, seres semelhantes a nós, pois cada um de nós torna-se Espírito após a morte do corpo, e cada Espírito torna-se homem pelo nascimento.

"Esse envoltório (o perispírito) não é a alma, pois não pensa: é apenas uma vestimenta; sem alma, o perispírito, assim como o corpo, é uma matéria inerte privada de vida e de sensações. Dizemos matéria porque, com efeito, o perispírito, posto que de uma natureza etérea e sutil, não é menos matéria como os fluidos imponderáveis e, demais, matéria da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria tangível, como logo veremos'' - (Revista Espírita, número de março de 1866, artigo "Introdução ao estudo dos fluidos espirituais", item 4).

A Codificação espírita revelou os princípios básicos a respeito de todas as questões importantes para quem pratica, estuda e pesquisa o Espiritismo. Consultando "O Livro dos Espíritos " pode-se encontrar instruções capazes de apontar rumos a serem seguidos no estudo das operações espirituais. São perguntas e respostas que dão a entender que o perispírito é algo mais que uma massa fluídica homogênea e que o fluido perispiritual se divide entre os órgãos do corpo físico. Na questão 137, por exemplo, Kardec pergunta aos Espíritos superiores se poderia haver uma divisão do Espírito durante a reencarnação:

Pergunta: - O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?

Resposta: "Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes".

Na questão 140, logo à frente, indaga:

Pergunta: - Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma das diferentes funções do corpo?

Resposta: "Isso depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir".

Na questão acima, o Codificador aprofunda a questão 137 e pergunta ao Espírito de Verdade sobre a possibilidade da alma se dividir em tantas partes quantas fossem os órgãos do corpo carnal, durante a encarnação. A entidade responde que tudo dependia do sentido que se atribuía à palavra "alma". Se por ela se entendia o fluido vital, estava certo. Quer dizer, haveria uma divisão fluídica dos fluidos perispirituais (fluido vital) em torno dos órgãos materiais. Se por ela se entendia o "Espírito", estava errado, pois tinha afirmado anteriormente que o Espírito era indivisível.

Na questão 140-A, o Codificador complementa:

"A alma age por meio dos órgãos e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles e, com mais abundância, nos que são os centros ou focos do movimento".

As obras subsidiárias do Espiritismo também nos trazem importantes revelações sobre a estrutura do perispírito. Nesse estudo, a opção de pesquisa foram os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, devido à reconhecida idoneidade do médium. Em várias mensagens publicadas nas suas obras, os seus guias espirituais revelaram que o perispírito trata-se de uma organização fluídica complexa e que o corpo carnal seria um grosseiro reflexo dele. Vejamos o que diz, por exemplo, André Luiz, no livro "Evolução em Dois Mundos":

"Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação" - (Capítulo 2, Corpo Espiritual, item Retrato do Corpo Mental).

"Todos os órgãos do corpo espiritual e, conseqüentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre" - (Capítulo 4, Automatismo e Corpo Espiritual, item Gênese dos Órgãos Psicossomáticos).

Pergunta: Qual a importância existente entre o baço e o centro esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuízos à continuação da existência do encarnado?

Resposta: Compreendamos que a extirpação do baço em sua expressão física no corpo carnal não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sanguínea no sistema hematopoiético, prossegue funcionando, embora imperfeitamente, no campo somático atento às articulações do binário mente-corpo - (Capítulo Corpo Espiritual e volitação, 7ª questão).

Embora tais revelações mediúnicas não tenham a chancela do Controle Universal dos Espíritos, essas mensagens fornecem indícios lógicos e racionais mostrando que o perispírito é de fato um organismo complexo, dotado de células e de tecidos. E, o que é mais interessante, de órgãos funcionais, como aqueles que se têm no corpo físico. Mas, será que são reais? Sim, tudo indica que são tão verdadeiros como os do corpo carnal, só que constituídos por uma estrutura material menos densa. Tanto um como o outro são obras milenares construídas pelo pensamento do Espírito na sua ascensão para Deus.

Chega-se assim à definição que: o perispírito é o elo fluídico que une o corpo físico ao Espírito, permitindo sua atuação no meio material; que é o veículo das sensações, dando condições ao Espírito de se comunicar com o meio exterior onde existe; que reflete o corpo mental do Espírito; que o corpo carnal é um reflexo do perispírito; que esse corpo possui órgãos fluídicos criados pela projeção do próprio Espírito, tão reais quanto os órgãos do corpo carnal.



1.2 - Os instrumentos cirúrgicos no Além

No Movimento Espírita transitam algumas idéias um tanto distorcidas a respeito da natureza do mundo espiritual. Geralmente, pensa-se que o invisível é uma região de abstração, onde as coisas são revestidas de fluidos tênues, sem formas concretas.

A Doutrina Espírita nos informa que os fluidos espirituais sofrem as impressões dos pensamentos e que eles podem modificá-los segundo a vontade dos Espíritos. No entanto, o mundo invisível, embora esteja numa constante mutação, possui certa estabilidade e também é palpável como a matéria no mundo terreno.

Allan Kardec, em "A Gênese", demonstra a ponderabilidade das regiões espirituais. Deixa claro que todos os objetos encontrados na Espiritualidade são produtos do pensamento de alguém que os criou, mas que, nem por isso, deixam de ser reais.

Sobre a grande oficina da vida espiritual, o Codificador assim se refere:

''Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não que os manipulem como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem a tais fluidos esta ou aquela direção; eles os aglomeram, os combinam ou os dispersam; formam com esses materiais, conjuntos que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinadas; mudam suas propriedades como um químico altera as propriedades dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo determinadas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual'' - ( A Gênese, capítulo XIV, item 14).

Existem informações doutrinárias demonstrando que os Espíritos desencarnados, usando seus pensamentos, poderiam construir os instrumentos cirúrgicos como os que eles utilizavam em vida? O texto acima afirma que sim. Allan Kardec reforça no mesmo item:

"O pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos dos quais tem o hábito de se servir; um avaro manejará o ouro, um militar terá suas armas e seu uniforme, um fumante, seu cachimbo, um trabalhador seu arado e seus bois, uma mulher velha, seus aparelhos de fiar. Esses objetos fluídicos são tão reais para o Espírito, o qual é fluídico também, como o eram no estado material para o homem vivente; porém, pela mesma razão de que são criados pelo pensamento, sua existência é também fugitiva como o pensamento".

A vida dos Espíritos desencarnados só pode ter similaridade com a existência terrena, devido a esta propriedade que tem o pensamento de agir no universo fluídico, criando as formas de que a entidade se servia quando em vida. Nas sessões de curas, realizadas no Grupo Espírita Bezerra de Menezes, videntes observaram que os médicos utilizam bisturis e pinças cirúrgicas, como se estivessem na Terra.




1.3 - Os médicos da Espiritualidade

A Doutrina Espírita revela que os Espíritos ocupam-se, na Espiritualidade, das mesmas atividades que eles desempenhavam em vida. A causa primeira desta preocupação estaria no condicionamento imposto ao Espírito pela sua experiência na matéria. Depois, se for uma entidade esclarecida, pela sua própria vontade em servir dentro do campo de seus conhecimentos.

A Revista Espírita, ano de 1865, é muito instrutiva nesse assunto. No mês de março, ela narra o episódio onde ocorrera o desencarne do Dr. Antoine Demeure, um médico com quem Allan Kardec tivera contato. Em mensagens na Revista, a entidade fala de suas condições no mundo espiritual, revelando que continuava cuidando de enfermos, exercendo suas ocupações de médico.

Numa carta vinda de Montauban, publicada pelo Codificador, há uma narrativa sobre um trabalho de cura orgânica feito pelo espírito do Dr. Demeure durante uma sessão mediúnica. Nela, ocorre a cura instantânea de uma grave entorse que incomodava uma médium vidente. Na mesma Revista Espírita, número de setembro, no artigo ''Cura de uma Fratura'', o médico, com a ajuda de uma grande equipe de Espíritos, aparece novamente curando a fratura do antebraço da mesma paciente. Esta prova, acompanhada de instruções de Allan Kardec, demonstra que alguns médicos desencarnados, homens de bem, continuam na Espiritualidade a se ocupar das tarefas que faziam na Terra, ajudando e curando pessoas doentes.

Publicaremos abaixo, a título de instrução, o texto da Revista Espírita citada, número de abril, que trata da entorse da médium vidente:




PODER CURATIVO DO MAGNETISMO ESPIRITUAL

Espírito do Dr. Demeure

O Espírito do bom pai Demeure, vindo engrossar o número de nossos amigos invisíveis, que nos cuidam da moral e do físico, quis manifestar-se desde os primeiros dias por um benefício. A notícia de sua morte ainda não era conhecida dos nossos irmãos de Montauban quando ele empreendeu espontânea e diretamente a cura de um deles por meio do magnetismo espiritual, apenas pela ação fluídica. Vêdes, que ele não perdia tempo e continuava como Espírito, assim como dizeis, sua obra de alívio da humanidade sofredora. Entretanto, há aqui uma importante distinção a fazer. Certos Espíritos continuam dados às suas ocupações terrenas, sem consciência de seu estado, sempre se julgando vivos. É próprio dos Espíritos pouco adiantados, ao passo que o sr. Demeure se reconheceu imediatamente e age voluntariamente como Espírito, com a consciência de, nesse estado, ter maior força.

Tínhamos ocultado a morte do sr. Demeure à sra. G..., médium vidente e sonâmbula muito lúcida, para poupar sua extrema sensibilidade. E o bom doutor, percebendo nosso ponto de vista, sem dúvida tinha evitado manifestar-se a ela. A 10 de fevereiro último, estávamos reunidos a convite de nossos guias que, diziam eles, queriam aliviar a sra. G... de uma entorse de que sofria cruelmente desde a véspera. Não sabíamos mais que isto, e estávamos longe de esperar a surpresa que nos preparavam. Apenas caída em sonambulismo, a dama soltou gritos lancinantes, mostrando o pé. Eis o que se passava: A Sra. G... via um Espírito curvado sobre sua perna, mas as suas feições ficavam ocultas; operava fricções e massagens, fazendo de vez em quando uma fração longitudinal sobre a parte doente, absolutamente como teria feito um médico. A operação era tão dolorosa que a paciente por vezes vociferava e fazia movimentos desordenados. Mas a crise não teve longa duração; ao cabo de dez minutos todo o traço de entorse havia desaparecido. Não mais inflamação, o pé tinha tomado sua aparência normal; a sra. G... estava curada.

Quando se pensa que para curar completamente uma afecção desse gênero, os mais dotados magnetizadores, os mais exercitados, sem falar da medicina oficial, que disto não cura, é necessário um tratamento cuja duração nunca é de menos de trinta e seis horas, consagrando três sessões de atendimento. Essa pode ser considerada uma cura instantânea, com tanto mais razão, como diz o próprio Espírito numa comunicação que se encontra a seguir, que era de sua parte uma primeira experiência feita visando uma aplicação posterior, em caso de êxito.

Entretanto, o Espírito continuava desconhecido da médium e persistia em não mostrar suas feições; dava mesmo a impressão de querer fugir, quando de um pulo, nossa doente, que minutos antes não podia dar um passo, se lança no meio da sala para apertar a mão do seu médico espiritual. Neste momento a sra. G... solta um grito e cai extenuada: acabara de reconhecer o sr. Demeure no Espírito curador. Durante a síncope recebeu os cuidados dedicados de vários Espíritos simpáticos. Enfim, readquirida a lucidez sonambúlica, conversou com os Espíritos, trocando fortes apertos de mão, principalmente com o Espírito do doutor, que respondia a seus testemunhos de afeição, penetrando-a de um fluido reparador.

Não é uma cena empolgante e dramática, na qual parecia serem vistas todas as personagens representando seu papel na vida humana? Não é uma prova entre mil que os Espíritos são seres reais, tendo um corpo e agindo como faziam na terra? Estávamos felizes por encontrarmos o nosso amigo espiritualizado, com excelente coração e sua delicada solicitude. Em vida, ele tinha sido médico da médium; conhecia sua extrema sensibilidade e a tinha conduzido como se fosse sua filha. Esta prova de identidade dada àqueles a quem o Espírito amava não é tocante e apta para fazer encarar a vida futura sob seu aspecto mais consolador? Eis a comunicação recebida do sr. Demeure, no dia seguinte a essa sessão:

''Meus bons amigos, estou ao vosso lado e vos amo sempre como no passado. Que felicidade poder comunicar-me com os que me são caros! Como fui feliz, ontem à noite, por me tornar útil e aliviar nossa cara médium vidente. É uma experiência que me servirá e que porei em prática no futuro, sempre que se apresentar uma ocasião favorável. Hoje seu filho está muito doente, mas espero que logo o curaremos. Tudo isso lhe dará coragem para perseverar no estudo do desenvolvimento de sua faculdade. (O filho da sra. G... realmente foi curado de uma angina inflamatória, com medicação homeopática, ordenada pelo Espírito).

Daqui a algum tempo poderemos fornecer-vos ocasião de testemunhar fenômenos que ainda não conheceis, e que serão de grande utilidade para a ciência espírita. Serei feliz em poder contribuir a essas manifestações, que teria tanto prazer em ver quando vivo. Mas, graças a Deus, hoje as assisto de maneira muito particular e que me prova evidentemente a verdade do que se passa entre vós. Crede, meus bons amigos, que sinto sempre um verdadeiro prazer em me tornar útil aos meus semelhantes e os ajudar a propagar estas belas verdades que devem mudar o mundo, trazendo-o a melhores sentimentos. Adeus, amigos; até à vista''.

- Antoine Demeure

No livro "Evolução em Dois Mundos", página 213, encontra-se uma questão respondida pelo espírito André Luiz, onde comenta a ação da Medicina no mundo dos Espíritos.

Pergunta - Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo espiritual?

Resposta - Na Espiritualidade, os servidores da medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares. Aí os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes da nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram".

Nos círculos espirituais próximos da Terra acontecem atividades médicas similares às que se observam nos hospitais terrenos. Ora, se o perispírito de um desencarnado pode ser examinado e tratado no plano espiritual, obviamente o de um encarnado também o pode. Não há nada que impeça um médico desencarnado de fazê-lo. Pelo menos é o que se compreende quando se leva em consideração a afirmativa de Allan Kardec de que o perispírito não fica encerrado no corpo, como que aprisionado em uma caixa. Está aberto ao mundo espiritual que lhe tem fácil acesso.

Inúmeras observações mediúnicas feitas na história do Movimento Espírita mostram muitas curas de doenças físicas realizadas por médiuns curadores, auxiliados por Espíritos cirurgiões. Nestes trabalhos, os Espíritos operadores falam dessas curas, como se tivessem realizado "cirurgias", ou seja, as operações espirituais.



1.4 - A operação espiritual

No tratamento das enfermidades localizadas no corpo carnal, os médicos humanos usam o método terapêutico convencional: medicação alopática e homeopática para combater agentes infecciosos e substituir moléculas desorganizadas, enfermiças, por outras saudáveis. Em alguns casos, porém, faz-se necessário uma conduta cirúrgica para a extirpação de tecidos degenerados existentes no corpo físico. O tecido manipulado é refeito através de mecanismos fisiológicos de regeneração.

Nas doenças provenientes do corpo espiritual o processo curativo é exatamente o mesmo, só que sua realização se dá pela ação de médicos desencarnados e agentes fluídicos. Livres da matéria, os Espíritos podem se encarregar desta tarefa com precisão, pois a tudo penetram com facilidade. Aqui, as moléculas substituídas são as do perispírito enfermo.

Também são utilizados medicamentos fluídicos que substituem as moléculas dos tecidos perispirituais avariados. Em algumas situações, no entanto, faz-se necessário uma intervenção cirúrgica no corpo perispiritual, que se recupera por meio de um tratamento fluídico específico. Feito isso, o perispírito transfere as realizações terapêuticas para a organização física, ativando o sistema biológico e provocando a recuperação de tecidos enfermos. Este processo chama-se "operação espiritual".



1.5 - A fluidoterapia

A fluidoterapia é uma técnica que os médiuns, usando fluidos energizados, utilizam para o tratamento das enfermidades físicas e espirituais. Aplicados sobre o perispírito, eles são absorvidos à semelhança de uma esponja. É a conhecida terapia do passe, praticada nos centros espíritas.

As operações espirituais também pertencem a esta área de serviços porque são atividades ligadas à manipulação de fluidos humanos e espirituais. Classificam-se, porém, como fenômenos de características próprias. Por estarem intimamente ligadas à mediunidade curadora, a equipe envolvida nesse trabalho deverá ter, entre seus membros, um ou mais médiuns curadores.

Estes trabalhos são assistidos por entidades desencarnadas, ligadas ao campo da medicina, conhecedoras de particularidades relativas à saúde física-espiritual dos pacientes e à lei de causa e efeito.

Quando se considera o serviço de passe convencional, a magnetização dos pacientes não exige nenhuma condição especial para se realizar. Qualquer trabalhador ou Espírito esclarecido poderá ministrá-los com bom aproveitamento, sem maiores exigências. Já na cirurgia perispiritual ela só será concretizada com a presença de médiuns curadores no ambiente, assistidos por Espíritos de médicos desencarnados.

Pode-se dizer que os papéis do médium curador e dos Espíritos cirurgiões seriam os mesmos do farmacêutico e dos médicos. Enquanto o papel do primeiro é o de ministrar a medicação (fluidos e energias humanas), o desses últimos é o de examinarem cada caso, fazer diagnósticos, prescrever tratamentos fluídicos e, se necessário, realizar cirurgias nos tecidos perispirituais.

Enquanto do lado de cá bastam a imposição de mãos, a prece fervorosa, a conduta moral sadia e a disciplina mediúnica, do lado de lá se desenrola a complexidade das tarefas curativas: a desobsessão (em alguns casos), os procedimentos cirúrgicos, a escolha e seleção de elementos fluídicos a serem utilizados e o estudo das possibilidades de cura ou melhoria das doenças do paciente, frente às suas necessidades

evolutivas.



1.6 - Causa das enfermidades físicas

As enfermidades podem ser classificadas como sendo oriundas de duas fontes distintas: uma de causa física e a outra de causa espiritual. Na primeira delas, a origem das doenças reside na alteração da organização física, provocada por uma ação perpetrada no próprio ambiente onde a pessoa está encarnada. Exemplo: agressões, acidentes, ação de bactérias, vírus etc.

Na segunda, a causa das enfermidades se dá por causa da presença no perispírito de fluidos espirituais impregnados de baixo magnetismo. Essa energia ruim atua no corpo espiritual causando desarmonia em sua estrutura. Por consequência, o corpo perispiritual transmite os reflexos dessa desorganização para a estrutura do corpo físico, desgastando-o ou provocando doenças.

O perispírito pode impregnar-se de fluidos nocivos por várias razões. No entanto, as mais graves são os casos de obsessões e a necessidade de depuração do próprio Espírito. No primeiro caso, a contaminação do tecido perispiritual se dá de fora para dentro e é provocada pela ação de um obsessor. No segundo, o processo de contaminação acontece de dentro para fora. A culpa consciencial do Espírito transforma-se numa energia de baixa vibração que aflora nos níveis externos do corpo espiritual, causando alterações em sua estrutura e, por conseguinte, no corpo físico.

A primeira fonte de enfermidades, a física, é objeto de estudo da medicina humana. A segunda, a espiritual, deve ser preocupação dos estudiosos da ciência espírita, uma vez que a ciência oficial ainda não aceita a existência do Espírito.

Allan Kardec afirma que a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiações do presente ou do passado, ou provas tendo em vista o futuro. Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação e para o qual a doença é remédio para a alma. Isto, no entanto, não quer dizer que se deva deixá-lo ao abandono para que sofra suas expiações. O espírita deve movimentar todas as suas forças e conhecimentos para curar ou aliviar o sofrimento daqueles que o procuram na sua casa de caridade. O sucesso do empreendimento ficará nas mãos dos Espíritos superiores, na permissão de Deus e no merecimento de cada paciente.



1.7 - Como organizar sessões de curas

Todas as casas espíritas podem promover reuniões com a finalidade única de atender aos doentes do corpo físico. No Movimento Espírita, de um modo geral, não há especialização em nenhum setor da prática doutrinária. Tudo fica na dependência de que o Alto faça sua caridade, quando e como bem entender. Há uma necessidade urgente dos centros espíritas promoverem reformas em seus quadros de serviços visando torná-los mais produtivos. Havendo disponibilidade de pessoal, os trabalhadores devem especializar-se nos diversos setores da caridade espírita, utilizando racionalmente a Doutrina para atender a quem precisa de ajuda.

Sabe-se que todo o trabalho espírita fundamenta-se na movimentação de fluidos impregnados de magnetismo. A natureza deste magnetismo está intimamente ligada às qualidades morais das pessoas e das entidades desencarnadas envolvidas. Um trabalho com proposta de produzir fenômenos de curas é bem diferente daquele onde se trata especificamente das obsessões. Nessas reuniões, onde se cuidam de pessoas alteradas emocionalmente ou perturbadas por Espíritos inferiores, haverá a presença intensa do magnetismo inferior.

Nas sessões de curas, onde vai acontecer uma operação de reposição molecular e expulsão de miasmas da estrutura íntima da matéria físico-espiritual, os fluidos que serão utilizados são de natureza superior, impregnados de um magnetismo elevado. O mais sensato, pois, é organizar as sessões de curas num dia apropriado para elas. Não se deve misturar os trabalhos de curas com os atendimentos de obsediados.

Allan Kardec afirma que, em alguns casos, as enfermidades podem ter como causa primária a obsessão espirítica. Nestes casos, quando se detecta influências obsessivas, o paciente deve receber cuidados nas duas áreas assistenciais. Primeiro no setor de desobsessão e mais tarde no de cura. Na formação das equipes de cura existe uma certa dificuldade para se identificar os médiuns curadores. Como não há indícios externos de que um médium tenha mediunidade de cura, as equipes interessadas devem formar um grupo para ministrar o passe curativo nos enfermos que procuram o centro espírita. Aqueles em que pesar a suspeita de serem doadores específicos, podem ser experimentados nas sessões onde se realizarão os trabalhos de operação espiritual. É muito comum o médium curador sentir sair dele,quando ministra o passe, uma quantidade incomum de energia e fluidos.

A equipe que realiza os trabalhos de curas deverá manter um arquivo com fichas de controle destinadas ao apontamento de dados referentes aos sintomas de doenças, ao procedimento de terapia utilizado e aos resultados verificados. É a forma de avaliar se os resultados obtidos são satisfatórios. Os médiuns curadores devem evitar o toque físico com o corpo do paciente. Para que se desenvolva o processo curativo, não é necessário tal procedimento. A ação magnética será a mesma utilizada nos trabalhos de passes, ou seja, a imposição das mãos por tempo mais ou menos determinado, nas áreas afetadas. Alguns grupos utilizam um divã para deitar seus pacientes que necessitem de magnetização mais demorada.

No Grupo Espírita Bezerra de Menezes, o paciente é submetido a um primeiro atendimento de curas feito pela equipe principal de atendimento. Depois, semanalmente, o enfermo continua recebendo passes nas sessões de fluidoterapia que se seguem à evangelização pública. Este serviço é feito por médiuns passistas convencionais. Cada sociedade poderá criar seu método e avaliar os resultados.



1.8 - É ilegal curar no centro espírita?

Sim, é ilegal do ponto de vista jurídico. As leis são normas de vida, feitas com a finalidade de orientar a conduta do homem. A legislação diz que para se exercer o direito de curar um enfermo, a pessoa tem que ser devidamente habilitada para isso. A humanidade conta com universidades destinadas à formação de médicos profissionais nos muitos setores da saúde. Seria uma falta de senso se a sociedade aprovasse a ação impensada de uma pessoa que se propusesse a curar seu próximo, simplesmente porque crê ter poderes especiais para isso.

E os espíritas, como ficam em face desta ilegalidade? É simples. As mesmas leis que proíbem a prática ilegal da medicina também facultam o direito de culto, protegendo o ambiente religioso onde se professam as crenças. O Espiritismo, no seu sentido filosófico, é uma religião e devemos deixar claro que seus trabalhos de assistência a enfermos são objetos da fé que os homens têm em Deus e na assistência dos Espíritos.

Se não há o uso de qualquer instrumentação material, se não ocorre a prescrição de medicamentos, se não há cobrança financeira por assistência prestada, se não se verificam promessas de curas, não existe como acusar legalmente o centro espírita por prática de curandeirismo. Os trabalhos de curas devem ser desenvolvidos dentro do âmbito religioso. No Grupo Espírita Bezerra de Menezes é fixada uma placa logo na entrada da casa, informando a natureza do trabalho assistencial que é ali desenvolvido. Desse modo, evita-se que haja enganos quanto à natureza religiosa da assistência espiritual.

Na história do Espiritismo houve médiuns curadores que vieram desenvolver um trabalho curativo a que se denomina "missão". Estes indivíduos aparecem de tempos em tempos, com operações chocantes, e vêm exercer o papel de chamar a atenção da ciência materialista para a existência da alma. Operam o corpo carnal utilizando instrumentos cortantes, sem anestesia ou assepsia. Encarnam-se preparados para viver uma espinhosa tarefa e acabam processados e presos pelas leis terrenas, mas cumprem suas missões. O serviço de assistência a enfermos, proposto neste trabalho, não deve ser confundido com essas missões. Nada tem de ilegal e pode ser realizado por qualquer núcleo espírita.



1.9 - O preconceito e as curas

Como ficou demonstrado, as operações espirituais são técnica e racionalmente concebíveis. Por que motivo são alvo de preconceitos por parte de alguns espíritas, principalmente os médicos? Tudo acontece simplesmente por razões morais. Allan Kardec demonstra que os médiuns curadores formam uma categoria de doadores fluídicos à parte. Seria lógico que estes indivíduos, à medida que se suspeitasse de suas faculdades, fossem encaminhados para uma sessão apropriada, onde o atendimento a enfermos fosse a meta. Mas, não é isso o que acontece. Em nome da caridade, opta-se pela idéia de que todos são iguais, esquecendo-se da diversidade dos dons nos dados por Deus para nossa edificação. Muitos acham, por exemplo, que a formação de classes especializadas em determinados serviços espirituais levaria seus membros à idéia de engrandecimento.

Tal questão, em verdade, tem dois lados. Num, estão os médiuns curadores que, sem conhecerem a Codificação ou por estarem mal orientados, pensam que as curas feitas por seu intermédio são produto de sua grandeza e posição espiritual. Não possuem consciência de que o dom que lhes foi dado, poderá ser tirado a qualquer instante. É a ignorância.

No outro lado, estão as pessoas que se sentem rebaixadas e humilhadas quando alguém faz alguma coisa que elas, por seus limites naturais, não são capazes de fazer. É o orgulho.

Uma vez mais, a ausência de uma metodologia administrativa racional, fundamentada nas orientações da Codificação, leva os dirigentes de centros espíritas a optarem quase sempre pela pseudo-igualdade. Estabelece-se que qualquer um pode fazer qualquer coisa. O resultado deste posicionamento é que quase nada acontece em termos de curas de doenças e obsessões e todos permanecem igualmente incapazes por anos a fio, em nome de Jesus.





2.0 - Conclusão

No Movimento Espírita existe uma ala de adeptos que afirma serem os trabalhos de cura uma atividade dispensável. Segundo eles, o Espiritismo teria vindo ao mundo para curar as almas e não os corpos perecíveis. Trata-se de uma posição filosófica belíssima, porém, comporta observações. Se o Espiritismo é o Cristianismo redivivo, e à época de Jesus ele promovia curas em nome desta Doutrina, por que motivo nós que somos seus discípulos não o podemos fazer? Por que Jesus utilizava-se deste poderoso recurso? Qual a finalidade dos trabalhos curativos? Ora, sabemos que o Mestre tornou-se conhecido mundialmente por seus "milagres", não por sua doutrina. Isto por quê? Pelo fato de que o homem terreno, em vista do seu atraso, apega-se com muita facilidade aos interesses imediatistas. Ele certamente não daria ouvidos a nenhuma filosofia que não lhes falasse às necessidades do momento.

Os homens de hoje são diferentes dos da época em que viveu Jesus? Não, não são. Há um indiscutível progresso intelectual e tecnológico, mas, moralmente, o homem pouco mudou. Se o centro espírita quer chamar a atenção da sociedade para passar sua mensagem de luz, deve procurar oferecer-lhe alguma coisa que esteja ligada às necessidades básicas e imediatas do ser humano. É a maneira mais rápida de despertar-lhe o interesse para as coisas espirituais.

Quando o centro espírita produz resultados rápidos e objetivos em termos de desobsessão e alívio das enfermidades físicas (curas), há grande procura por seus serviços. O contato com as pessoas em sofrimento oferece ao trabalhador espírita a oportunidade de levar até elas a mensagem doutrinária. É o mesmo serviço que Jesus Cristo e seus apóstolos desenvolviam: faziam sinais com a mediunidade e ensinavam as massas humanas sofredoras. Pode-se afirmar, sem sombras de dúvidas, que o Espiritismo não sobreviveria sem seus fenômenos mediúnicos.

Alguns trabalhadores espíritas colocam-se na cômoda posição de discípulos incapazes. É outro erro. Jesus Cristo era o Mestre, porém, afirmou que seus seguidores fariam obras iguais as suas ou maiores que elas. Acreditamos, pois, que as atividades assistenciais mediúnicas (desobsessão e curas) são de fundamental importância para a sobrevivência do centro espírita como posto a serviço da Espiritualidade. A cura física se encaixa perfeitamente na finalidade misericordiosa e iluminadora do Cristianismo e, por extensão, do Espiritismo.

"A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar que há coisas que eles não sabem e os convidar para estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual que eles desconhecem, não é uma quimera, e que, quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que agora" - (Allan Kardec, Revista Espírita, novembro de 1866).

Axé a todos irmãos de Fé
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

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