Artigo para leitura e esclarecimentos, a Santería uma religião oriunda do povo Africano. Muito parecido com nosso Candomblé e nossa Umbanda, mas também muito distante dos nossos ritos; no Caribe existem com profunda crença, força e convicção praticas oriundas das religiões africanas em muitas localidades do Caribe e Américas (do Sul, Central e do Norte), que pouco se distanciaram das suas raízes originais, mesmo com o passar do tempo, e as incontáveis interferências da cultura branca e religiões predominantes. Entende-se que essa pureza nas praticas, crenças e costumes radique no fato de ainda hoje em alguns paises ou regiões, elas permanecerem secretas, mantidas em sigilo por ainda serem encaradas como bárbaras e incongruentes ao sistema político-religioso padrão. Nas matas e espaços afastados dos centros urbanos se crê, habitam como na África, as mesmas deidades ancestrais, espíritos poderosos que ainda hoje, como outrora, são temidos e venerados, e cuja benevolência ou hostilidade continuam dependentes do êxito ou fracasso nas devoções, sacrifícios, oferendas e tratamento a elas outorgadas. Não se duvida em momento algum da sobre-naturalidade e presenças invisíveis e vez por outra visíveis das deidades e espíritos sagrados que possuem morada "en el Monte". "El Monte" é o espaço para uma miríade de seres fantásticos, com duplicidade e dualidades radicais quanto à sua natureza. Nele o praticante da Santería, do Vodu ou do Lucumí, entra em contato com "seres estranhos de outros mundos", "espíritos maléficos do alem", "animais fantásticos" (como Keneno e Kiama) e as deidades mais espetaculares jamais vistas. É um universo secreto, complexo e completo. É na mata onde aqueles que possuem o dom da clarividência, clariaudiência e mediunidade, podem passar dias submersos em visões que para o olho humano comum se tornariam impossíveis de aceitar e compreender. Adentrar em tal universo requer indispensáveis instruções, somente conhecidas pelos velhos "criollos" que na memória guardam as formas e fórmulas de aceder, agradar e manter conexão com esses seres, que se mostram estranhamente interessados pelo mundo humano. O contato entre os dois mundos solicita então o saber como proceder de acordo às regras estabelecidas pelas próprias deidades. O homem deve saber como "entrar en el Monte", pois ele é um templo. Assim o praticante que de fato conheça os meandros das religiões afro-caribenhas americanas, sabe que na mata terá tudo o absolutamente necessário para honrar, solicitar, agradecer ou curar, mas que para fazer uso disso, daquilo que a mata oferece, jamais poderá tomar o que deseja seja, planta, madeira, roxa, pedra, animal, sem respeitosamente pedir permissão aos guardiões desses elementos. Em alguns casos, deverá "pagar" pelo seu uso, com tabaco, aguardente ou dinheiro. Pois cada pedaço da mata possui seu dono. A resistência dos homens e mulheres africanos em manter sua religião original, mesmo sendo obrigado a participar das celebrações cristãs, permitiu que hoje, ainda que encobertas por algumas camadas de simbologia cristã e dos ritos indígenas, as praticas secretas tenham se disseminado até nós, sob (como já foi citado) os nomes de Santería (Caribe, Florida, Venezuela, América Central), Candomblé (Guianas e Brasil) e Vodu (Haiti). Como premiação para os que conseguem chegar ao âmago das suas praticas, essas religiões surgem sem traços do catolicismo. A Santería possui bases na religião Ioruba, praticada na Nigéria e Benin. Ela se manifesta no cotidiano de quem nela acredita na maneira particular de ver o mundo mediante a conceitualização mágico-religiosa das relações sociais, das relações com a natureza, com o universo e o sobre-natural. Essa visão religiosa é resultado de um profundo processo de des-construção dos paradigmas autóctones da identidade africana e a re-criação de uma nova postura cultural que exigiu a adaptação de outros costumes, pontos de vista, através do sincretismo, re-interpretação dos valores religiosos mediante personagens da mitologia católica e transculturação. É unificada nessa postura mágico-religiosa a tradição africana, as indígenas e iconografia cristã com santos e todo seu imaginário, e praticas de bruxas ibéricas em forma de preces e conjuros. O que amplia muito o sistema simbólico, religioso, mágico, devocional e curativo. Assim sendo o curandeiro santero ao ser observado com atenção, apresentará em sua performance traços de influência africana, indígena e européia. Nessas crenças há um forte elo estreito, entre a relação dos humanos, da natureza e do mundo dos mortos. Encarado com naturalidade e sem temores. Mas o que é a Santería?Os praticantes, em especial o que no Brasil se conhece como Mãe ou Pai de Santo, manipulam plantas, animais, tanto para fins benéficos e maléficos, criando todo um ambiente de representações simbólicas e metafóricas ritualizadas, a fim de exercer e ser ponte de comunicação e diálogo entre seus seguidores, seu meio e sua cosmogonia. Na América com um todo, se encontra além das já citadas, religiões africanas como o Dahomé, Congo, Angola, que possuem influência não do catolicismo, mas sim do Islã. Dentro das sincréticas, se percebe, mesmo distando dos dogmas do cristianismo, que o praticante encara o mundo físico e espiritual como dimensões do mesmo universo. Fenômenos naturais, deidades e espíritos, fazem parte do mesmo plano mágico-religioso. É uma religião afro-caribenha que combina aspectos animistas e panteístas à devoção dos ancestrais e ao catolicismo. Ela é sincrética, pois mistura crenças nos Orichas ou deuses do panteão ioruba, com santos católicos. Sua cosmogonia possui inúmeros mitos, lendas que originam uma serie considerável de cerimônias, e costumes complexos de entender ao alheio a elas. Os Orichas mais importantes são Obatala, Ochun, Yemaya, Oya, Chango, Elewa, Ogun, Ochosi e Ozun. Em torno a eles ocorrem os ritos de iniciação, divinação e magia. A magia dentro da Santería vem intrinsecamente ligada à religião, ela é o meio que o praticante possui para aceder ao conhecimento superior dos Orichas, e nela como citei o bem e o mal se misturam e não há o sentido de culpa na dimensão que lhe é dada em outras religiões. Na Santería são venerados Olodumare também conhecido como Olofi e Olorun, deus supremo e poderoso, aos Orichas nas forças da natureza onde se manifesta o desejo de Olodumare. Tendo como objetivo essa devoção e obediência, ritos e celebrações, o praticante garante proteção, saúde, sorte, bem-estar, a possibilidade de saber quanto ao futuro e modifica-lo. Além certamente do conforto espiritual como sistema religioso. |
Emidio de Ogum
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