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sábado, 29 de maio de 2010

Células Troncos, Ciência e Espiritismo



Quando começa a vida?

A questão 344 de O Livro dos Espíritos pergunta:

- Em que momento a alma se une ao corpo? 



R- A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o espírito designado para habitar tal corpo, a ele se liga por um laço fluídico que vai se apertando, cada vez mais, até que a criança nasça.

A questão 353 de O Livro dos Espíritos trata do seguinte:

- A união do espírito e do corpo não estando completa e definitivamente consumada senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo alma?

R – O espírito que o deve animar existe de alguma forma, fora dele. Ele não tem, propriamente falando, uma alma, pois a encarnação está somente em vias de se operar; mas está ligado à alma que o deve possuir. 


André Luiz nos conta, pela orientação de Alexandre em “Missionários da Luz”, que a encarnação só se completa por volta dos sete anos de idade, porém, ela se inicia na concepção, ou seja, no momento da fecundação do ovócito materno pelo espermatozóide paterno; a partir daí, inicia-se o “continuum”, com a construção do corpo físico orquestrado pelo perispírito descrito por Allan Kardec, ou como colocou o Dr. Hernani Guimarães Andrade, pelo Modelo Organizador Biológico (MOB), ou ainda, como quer o biólogo inglês Dr. Rupert Sheldrake, pelo seu campo de ressonância mórfica.

Foi demonstrado em 1827 por Karl Ernst van Baer, 150 anos após a descoberta do espermatozóide, que o início da vida se dá no momento da fecundação, tanto que o Papa Pio IX, já em 1869 propunha que era dever da Igreja defender o embrião humano desde a concepção. Atualmente, a ciência só tem feito reforçar este conceito que passa a ser uma verdade científica já que não pôde ser negado ou contestado, mas apenas confirmado até o momento. A Dra Magdalena Zernica-Goetz mostrou, em 2002, que a primeira divisão do zigoto não se dá por acaso, mas que ela já define o nosso destino e todas as características que vamos desenvolver, reforçando ainda mais o conceito de perispírito, MOB ou ainda Campo Biomórfico.

Sendo assim, não poderíamos ter outra atitude a não ser a de respeitar o indivíduo como ser encarnado desde a fecundação e geração da célula original (o zigoto), evitando interpretações outras que poderiam abrir questão quanto ao momento em que temos ou não temos um ser encarnado, e que tem levado muitos companheiros de doutrina a discutir, equivocadamente, os direitos do embrião. Sabemos ainda, pela própria descrição da reencarnação de Segismundo, feita no mesmo livro (Missionários da luz) psicografado por Chico Xavier, que a ligação fluídica, entre a mãe e o reencarnante, se dá antes mesmo da fecundação, e que o processo de ligação ao zigoto completa a instalação da “interface físico-etérica”, dando início à reencarnação.

Se unirmos, em laboratório um ovócito e um espermatozóide, pelas técnicas já disponíveis, conseguiremos o desenvolvimento de um embrião, mas não teremos a certeza de que este é viável até o momento de seu implante no útero.

Acreditamos que tal dificuldade se dê, entre outros motivos, pela ausência de um espírito reencarnante ligado a estes embriões, com conseqüente ausência de um MOB, o que inviabiliza a diferenciação celular e a organização espacial do novo corpo em desenvolvimento, interrompendo o projeto biológico.

A “maquinaria” celular, o alto grau de fluido vital das células embrionárias e o automatismo celular conseqüente a estes dois primeiros fatores podem garantir o desenvolvimento inicial deste embrião, antes que se torne necessário o início da diferenciação celular, mesmo na ausência de um espírito reencarnante.

Sendo assim, é teoricamente viável aceitar que, muitos dos embriões concebidos “in vitro” não estão dotados de espíritos reencarnantes, entretanto, este raciocínio não da nenhuma margem para acreditarmos que, neste tipo de fertilização, nunca haverá ligação com espíritos, ou que só ocorreria no momento do implante no útero, coisa que nem sabemos se é possível ou não ocorrer.

No excelente DVD “Pinga Fogo” com Chico Xavier, recuperado pela Vídeo Spirite, o maior médium de todos os tempos, ao falar sobre a fertilização “in vitro” para os chamados “bebês de proveta” que surgiam na época, deixa bastante claro que a encarnação ocorre no laboratório no momento da fertilização, e ainda faz a ressalva de que o processo se dá de forma até mais fácil, já que não há a interferência do perispírito da mãe.

Classificar todos os embriões concebidos “in vitro” como sendo montículos de células desprovidas de espírito não é apenas uma suposição, mas é também bastante improvável e arbitrário. Como cerca de 25% destes embriões vão se desenvolver normalmente se implantados em um útero, podemos inferir que a porcentagem de embriões encarnados é semelhante, ou seja, um quarto dos embriões possuem espíritos ligados por fortes laços fluídicos.

Como vimos, ainda não temos como saber ou afirmar, se determinado embrião tem ou não um espírito reencarnante, contudo, acredito que não estão muito longe os recursos para fazê-lo; seja através da verificação da reprogramação epigênica, que foi relatada no trabalho do Dr. Kevin Eggan e que pode significar a instalação de um novo espírito, ou seja pela identificação de campos biomagnéticos utilizando-se futuros aparatos com esta capacidade, como por exemplo, o Tensionador Espacial Magnético (TEM) que foi idealizado pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade, ou outros que surgirão no futuro à partir do conhecimento científico destes campos biomórficos. Até lá, não havendo como provar se há ou não um reencarnante ligado àquele embrião, devemos tratá-los todos da mesma forma, ou seja, o benefício da dúvida deve estar, sempre, a favor da vida.

Diante desta constatação, ou seja, da impossibilidade de afirmarmos, utilizando-se dos conhecimentos doutrinários, se há ou não um espírito em determinado embrião, e por não ser este, via de regra, o parâmetro utilizado pela sociedade para tomar suas resoluções éticas, creio que nos resta consultar a ciência e os seus conceitos clássicos para o caso em questão. Devemos buscar na embriologia a resposta à nossa pergunta: O embrião é um ser vivo?

Antes de continuarmos esta argumentação, deve ficar claro que: pela visão da biologia e pela visão legal, até o presente momento, não há, nenhuma diferenciação entre o embrião “in vivo” e “in vitro”, sendo assim, o que considerarmos para um, devemos considerar para o outro.

Buscando nos livros de embriologia encontramos no primeiro capítulo do “Embriologia Clínica” de Keith L. Moore, a definição de Zigoto como “uma célula resultante da fertilização de um ovócito por um espermatozóide, e é o início de um ser humano“.
Diante desta afirmação, compartilhada pela grande maioria dos embriologistas desde 1827 com Karl Ernst van Baer, a partir da fecundação, já temos um ser humano vivo que, conseqüentemente, deve ser respeitado e preservado como tal, não cabendo nenhuma “flexibilização” deste conceito, como se tem feito em prol de interesses outros que não o da ética e da dignidade humana.

A utilização de embriões

Posto isso, colocamos na mesa de discussões um argumento poderoso trazido à tona pelos utilitaristas e materialistas, defendendo o sacrifício dos embriões em nome das vidas que serão resgatadas com o avanço da promissora terapêutica com células tronco (CT).

Um primeiro ponto deve ser considerado antes de adentrarmos aos fatos relacionados com as atuais pesquisas neste campo, ponto este que nos remete a outra questão ética:

Existem algumas vidas que valem mais que outras? É lícito eliminar uma vida para salvar ou ajudar outras?

Os utilitaristas podem achar que sim, ou seja, um embrião que nem se parece com um ser humano, assemelhando-se a uma ameba ou coisa que o valha, poderia ser destruído sem problemas, para que pudéssemos ver paraplégicos andando, vítimas de acidentes cardiovasculares reabilitados, doentes saindo das filas de transplantes, num grande e poderoso apelo que comove e convence, pois “somente os religiosos radicais poderiam ser contra o avanço da ciência que trará tantos benefícios para a humanidade, simplesmente por imporem seus dogmas irracionais”. Será que a questão se resume a isso?

Convido-os a analisar a polemica por outro ângulo: se determinada pessoa vale mais que outra, então seria lícito sacrificar os detentos e assassinos para que doassem seus órgãos, beneficiando cerca de seis pessoas cada um, além de diminuir os gastos do estado com o sistema penitenciário. O argumento utilitarista justifica, também, os avanços realizados na neurologia pelo Dr. Mengele, que se utilizava de pessoas que iriam “morrer de qualquer maneira”, para fazer seus experimentos em seres humanos, sem nos esquecermos que os nazistas acreditavam que os judeus tinham menos valor que os arianos.

É possível que o leitor ache minhas colocações muito dramáticas, mas é extremamente importante, em favor da coerência e da verdade, que nós possamos estabelecer conceitos básicos sobre quando começa a vida, sobre sua valorização, e a partir de então sermos sempre coerentes com estes conceitos, inflexíveis quanto às bases que eles geram, evitando argumentações oportunistas que superficializam a questão para gerar a permissividade que muitos procuram.

Como diz o Professor Alberto Oliva: “A crescente transformação do conhecimento científico aponta para o risco de as biotecnologias virem a tratar o homem não como um fim em si mesmo, mas como meio”. O utilitarismo traz de volta o mote romano: “A tua morte é minha vida“.

Estamos diante de uma questão de princípios fundamentais, ou seja:

- Devemos respeitar a vida humana em qualquer circunstância e condição,

- Todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos,

- A vida humana começa no momento da fecundação. Somente estes preceitos primordiais, que já estão estabelecidos há muito, podem nortear nossas decisões sobre as questões bioéticas, do contrário, perderemos todos os limites que devem nortear a boa ciência, pois está deve estar a serviço do homem e não o contrário.

Para terminar este primeiro ponto de argumentações gostaria de citar a questão 359 de O Livro dos Espíritos: 

- No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo com o nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?

R- É preferível sacrificar o ser que não existe ao ser que existe.


Se os espíritos estivessem dizendo aqui, que a criança não existe como ser vivo, ou que seu espírito não está ligado ao embrião ou ao corpo do feto, estariam contrariando ou se opondo às suas próprias instruções nas respostas das questões 344, 345, 353, 356 e 358 do mesmo livro, portanto, o que podemos entender desta resposta é aquilo que prega a própria ética médica quando diz que, a única situação em que é lícito o aborto, é quando se tem que escolher entre a vida da mãe ou a da criança, mas nunca poderíamos transferir este conceito para os embriões congelados ou não, que não estão oferecendo nenhum tipo de risco a ninguém e, portanto, não precisam e não devem ser sacrificados.

As pesquisas com células tronco

As células tronco são células indiferenciadas, ou seja, células com potencialidade de se transformar em qualquer outro tipo de tecido especializado do organismo, como por exemplo, uma célula de músculo cardíaco, um neurônio, uma célula hepática, etc.

Podemos obter este tipo de células de embriões, as células tronco embrionárias (CTE), ou de nosso próprio organismo, as células tronco adultas (CTA), presentes em todos os nossos tecidos, mas principalmente, na medula óssea.

Quando o Dr. James Thomson, da universidade de Wisconsin, isolou pela primeira vez uma CTE em 1998, se pensava que as CTA não teriam a mesma versatilidade que as CTE, e que sua vitalidade seria menor, por isso, teoricamente, as CTE foram apontadas como a melhor opção para o desenvolvimento de técnicas terapêuticas, entretanto, já se caminhou muito com as pesquisas utilizando-se CTA e o que se tem visto é que elas têm uma enorme versatilidade, pois já se pode produzir até células com a mesma versatilidade das embrionárias a partir de CTA, que têm sido denominadas de Células Pluripotentes Induzidas (CPI ou iPC em inglês), que são mais “dóceis” que as CTE, prestando-se facilmente a culturas e manipulação em laboratório, o que é extremamente importante para o desenvolvimento de qualquer técnica terapêutica, e podem ser obtidas do próprio paciente, evitando todos os problemas gerados pela rejeição dos implantes celulares.

As CPIs estão surgindo como uma grande promessa no meio médico; o primeiro trabalho com CPIs foi realizado em camundongos pelo pesquisador alemão Dr. Rudolf Jaenisch, do prestigiado Instituto Whitehead nos Estados Unidos, e pesquisador do mesmo grupo do Dr. Kevin Eggan, já citado anteriormente, este estudo pioneiro, foi publicado na revista Cell de maio de 2005 onde a supressão de determinados transcritores gênicos produziu estas células pluripotentes a partir de células adultas.

Na Universidade de Kyoto, o Dr. Shinya Yamanaka e o Dr. Kazutoshi Takahashi trabalhando com quatro fatores de transcrição (Oct4, c-Myc, Klf4 e Sox2) conseguiram esta conversão em células de camundongo e publicaram na revista Cell de agosto de 2006.

Em novembro de 2007, a mesma Cell, e a Science, publicam simultaneamente, trabalhos da equipe de Kyoto e da equipe do Dr. James Thomson da Universidade de Wisconsin em Madson nos EUA, anunciando sucesso na transformação de fibroblastos humanos, obtidos da pele, em CPIs que, posteriormente, foram transformadas em neurônios por indução química.

Mais recentemente, um experimento liderado pelo austríaco Marius Werning, realizado nos EUA em 2008, curou ratos com doença de Parkinson utilizando neurônios produzidos a partir de fibroblastos humanos pela técnica de supressão gênica.

A despeito destes importantes avanços, esta tecnologia ainda tem sérios problemas de segurança a serem superados, pois depende da ação de um retrovírus (parente do vírus da AIDS) para introduzir os genes supressores que vão reprogramar as células adultas que se transformarão em CPIs, e dois dos quatro genes supressores utilizados são oncogenes, ou seja, genes cancerígenos que poderiam produzir tumores. As pesquisas continuam com grandes avanços.

As CPIs são apenas um exemplo das versatilidade das CTA, sobre este tema, nos ensina a Dra. Alice Teixeira Ferreira da UNIFESP/EPM:

“A verdade é que você assume isto (que as CTE são mais versáteis que as CTA) baseado no desenvolvimento embrionário, mas tal fato não foi demonstrado até hoje por problema metodológico: não existe uma tecnologia que permite distinguir todos os tipos de células do organismo humano. Eu trabalho com culturas de células há 20 anos e enfrento este problema corriqueiramente.”

Até o momento, todos os resultados positivos alcançados com células tronco, foram obtidos com as CTA ou com as CPI, um dos motivos mais óbvios para tais resultados é que estas células são retiradas do próprio paciente, sendo assim, não são, na maioria das vezes, rejeitadas pelo organismo. As pesquisas com células embrionárias, apesar de terem, teoricamente, maior potencial de diferenciação, não tem trazido bons resultados nos estudos já realizados; a revista Lancet de 10 de julho, traz um artigo de Allegrucci e col, que afirmam que as células tronco de embriões congelados, estão muito longe de serem a mais perfeita fonte de CT para terapia, além do que, foram observados casos de teratomas, um tipo de câncer extremamente invasivo e grave.

A verdade é que estas células embrionárias são semelhantes às células cancerígenas; multiplicam-se rapidamente e quando se diferenciam logo morrem, não se renovando. Elas não se fixam nos nichos das células-tronco adultas presentes no organismo e os corpos embrióides injetados são rejeitados imunologicamente, e se injetados em animais imunossuprimidos, geram câncer de caráter embrionário.

Um grupo coreano chefiado pelo Dr. Woo Hwang, publicou na importante revista Science, em maio de 2005, um trabalho que anunciava o tão esperado “sucesso” com a cultura de CTE. Tratava-se de uma linhagem celular que, o próprio autor admitia, fora conseguida “por acaso”, ou seja, não se sabia como ou porque havia dado certo. É oportuno que se diga que, as linhagens do Dr. Hwang teriam sido obtidas utilizando-se a clonagem humana, para em seguida, utilizar-se estes embriões como doadores de células, o que é mais um aspecto ético a ser considerado. Em dezembro de 2005 a própria Science, anuncia que o trabalho era uma fraude, e que nem mesmo estes resultados foram alcançados.

Parece consenso entre os pesquisadores da área, que a utilização de embriões congelados, devido a um processo chamado de metilação do DNA ao qual são submetidos, dificulta ainda mais qualquer tipo de tentativa de gerar culturas, passo fundamental para o início dos trabalhos que tentarão chegar à utilização terapêutica destas células, já que, para se ter uma idéia, no auto-transplante de CTA obtidas da medula óssea, utiliza-se em torno de um bilhão de CTs por mililitro, injetando-se 40 mililitros de um concentrado destas células na região lesada através de um cateter introduzido na artéria femoral, seja no caso de infarto do miocárdio ou de doença de Chagas (trabalhos já publicados pelo Dr. Dohmman, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, e do Dr. Ricardo Ribeiro dos Santos, na Bahia). Podemos concluir, portanto, que o número de CTE obtidas pelos coreanos, mesmo que fosse realidade, ainda seria irrisório e inútil para as tentativas terapêuticas pretendidas.

Em entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, a professora Alice Teixeira Ferreira já alertava para as dificuldades que tem sido relatadas com as pesquisas com CTE:

“(…)o grupo do Dr. Murdoch, da Universidade de Newcastle, Reino Unido, que é uma das 5 equipes de pesquisa a receberem aprovação para pesquisar em as CTE, em seu trabalho publicado agora em setembro na revista Reproduction, 2004 Sep:128(3),259-67) afirmam:

- A cultura contínua das CTE num estado indiferenciado requer a presença de uma camada de células de roedores e de hormônios de crescimento liberados pelas mesmas, havendo o risco de transferência de patógenos (vírus ou bactérias causadores de doenças). Caso contrário elas começam a se diferenciar descontroladamente, gerando uma mistura de diferentes tecidos, perdendo a sua propalada característica de pluripotência.

- As CTE demonstram grande instabilidade genômica e durante o crescimento a longo tempo apresentam modificações funcionais inesperadas;

- As CTE quando injetadas nas patas posteriores de roedores imunossuprimidos geram tumores embrionários (teratomas) em 50% dos animais.

A Dra. Alice continua:

Estas “descobertas” mostram que esses pesquisadores não entendem nada de Biologia Celular, pois nós, que pesquisamos na área há 15 anos com cultura de células, já evidenciamos todos estes problemas com as chamadas células de linhagem, obtidas de tumores ou desdiferenciadas e eternalizadas. A pergunta que se faz neste momento é: porque dividir a atenção e os recursos entre dois tipos de terapia, ou seja, com CTA e CTE, se apenas o primeiro tem trazido resultados alentadores, além de não ferir nenhum preceito ético?

A Doutora Líliam Piñero Eça, pesquisadora da UNIFESP afirma:

“O futuro da ciência está nas células-tronco adultas desde 2001, e no estudo dos fatores epigenéticos, pois as células embrionárias até o momento causam câncer e rejeição”

Centenas de cientistas pesquisadores de CTE, reuniram-se em Washington DC em junho de 2005, e naquela oportunidade já declaravam o pouco êxito com suas investigações e reconheciam que haviam gasto milhões de dólares tentando desenvolver seus experimentos sem sucesso. O Dr. James Thomson, primeiro a isolar células tronco embrionárias, admitia que seus méritos foram exagerados e que não haviam indícios de uma possibilidade terapêutica com estas células.

Na prática

Assistimos à votação da lei de biosegurança no Brasil cercada de uma “pressão social” que, na minha opinião, foi criada sinteticamente por uma exposição assimétrica do tema pela mídia mal informada. Acredito que a opinião pública não foi devidamente esclarecida quanto a esta questão, pôde-se ver na televisão, portadores de deficiência física chorando, emocionados, com a aprovação da lei, o que mostra como eles foram iludidos, pois possibilidades teóricas foram colocadas como verdades, alguns pesquisadores chegaram a colocar prazos de 2 a 5 anos para a obtenção de resultados práticos, sendo que não se sabe nem se estes objetivos poderão ser alcançados, quanto mais estabelecer um tempo para que isso ocorra.

Na ciência, não ha como prever resultados, pois ela trata, justamente, de explorar o desconhecido, hipóteses consideradas como verdadeiras por muitos anos, já se mostraram falsas. Trabalhar pelo desenvolvimento da ciência é uma obrigação de todos, estudar todas as possibilidades de progresso dentro de limites éticos também, mas não se podem garantir resultados, principalmente quando estas promessas geram falsas expectativas em pessoas tão sofridas, manipulando suas esperanças.

Criou-se uma ilusão perigosa a respeito do assunto e, conseqüentemente, uma opinião equivocada. O argumento de salvar vidas com porções de células que iriam “para o lixo” é imoral, minimizando e “coisificando” o embrião, mesmo os congelados por mais de três anos, que seriam inviáveis, dado evidentemente falso, diante de casos largamente publicados na mídia, de embriões com oito e até treze anos de congelamento que, implantados nos úteros de suas mães, vieram a termo normais e saudáveis.

O que mais preocupa, com relação a este tema, é que abrimos um grave precedente, pois agora, o embrião desrespeitado e desclassificado como ser humano, possibilitará tornar lícito também o aborto, tanto que, os grupos pró-aborto têm intensificado muito suas campanhas, iniciando a abordagem pela legalização do aborto dos anencéfalos. O ministério da saúde chegou a divulgar norma facilitando o aborto de vítimas de estupro, não exigindo qualquer tipo de comprovação do fato, e tentando eximir o médico de qualquer responsabilidade legal, abrindo uma brecha para a institucionalização do aborto generalizado.

Já que o embrião congelado não é vida, porque o embrião no útero é? A noção da população sobre o que é um zigoto, um embrião ou um feto é muito pobre, facilitando a campanha em favor do aborto.

Alguns médicos já defendem a interrupção da gestação de fetos portadores de qualquer anomalia, inclusive síndrome de Down. Onde vamos parar? Qual é o limite ético que se estabelecerá?

O que está em questão agora não é o benefício para a ciência e sim o benefício para a humanidade, o que pode não significar a mesma coisa, já que, em termos de ciência, toda e qualquer possibilidade de estudo ou pesquisa, é sempre “benéfica”, pois traz conhecimento, mesmo que este conhecimento seja a constatação de que não é possível atingir as metas inicialmente traçadas por aquela linha de pesquisa; entretanto, devemos levar em consideração as questões éticas, já que os fins não justificam os meios.

Deveríamos estar discutindo a regulamentação da produção de embriões com fins reprodutivos como já fizeram a Itália e a Inglaterra, e o fato de não os utilizar, ou de que eles serão descartados de qualquer maneira, não pode ser justificativa para a utilização dos mesmos com fins científicos.

O que deve ficar bem claro é que, um embrião é considerado, pela própria ciência materialista, como um ser humano vivo, devendo portanto, ser respeitado como tal.

Compreendemos a preocupação legítima de alguns irmãos de doutrina, que temem assumir posições que possam obstruir a evolução da ciência, prejudicando avanços importantes para a humanidade, assim como ainda fazem muitas religiões, que calcadas em dogmas, chegam a ponto de proibir a utilização de tecnologias importantíssimas e fundamentais como a utilização de sangue e derivados, por exemplo, entretanto, não creio que seja recomendável abandonar preceitos básicos, ou mesmo “adaptá-los” para poder “aceitar” determinadas situações que a ciência nos proporciona: nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Não há nada de fanatismo ou radicalismo quando analisamos os dados científicos disponíveis, e sob a ótica da moral espírita, nos colocamos contra a utilização de células embrionárias, creio que seja sim, uma postura coerente com a doutrina que abraçamos evitando a precipitação.

Sem querer ser prepotente, mas chancelado pela carta aberta publicada pela AME-Brasil por ocasião do MEDNESP de 2005, eu diria que são justamente os médicos espíritas, aqueles mais balizados para emitirem opinião sobre este assunto, já que se trata de tema técnico e que exige conhecimento específico que vai além do doutrinário.

O mundo vai evoluir sempre, pois é este nosso destino inexorável; vamos conquistar tecnologias cada vez mais importantes, entretanto, devemos escolher qual preço estamos dispostos a pagar por isso, quais os caminhos que devemos seguir.

Não vamos abrir as portas para o genocídio do aborto pela “coisificação” do embrião humano, não deixemos que venha a clonagem humana para fornecer células embrionárias criando uma nova modalidade de crime, o “aborto de proveta”, reflitamos sobre tais possibilidades apoiados nos dados da ciência e nos ensinamentos de Jesus, e não haveremos de permitir o “uso” do embrião humano, pois estaríamos incorrendo, novamente, em grave erro, gerando novo e devastador carma coletivo.

O uso de CTE humanas não é necessário para o avanço da ciência neste momento, acredito que, pelos trabalhos já desenvolvidos com as CTA e agora com as CPI chegaremos a grandes conquistas, e o estudo dos fatores epigenéticos, acabarão por nos conduzir ao conceito de “Modelo Organizador Biológico”, ou perispírito, o que nos trará a possibilidade de, por exemplo, “construir” órgãos em laboratório a partir de células do próprio paciente, para um “auto-transplante”, fundando a “engenharia de órgãos e tecidos”, ou ainda induzindo a proliferação destas células no próprio organismo doente dispensando a etapa laboratorial.

A despeito de nosso otimismo e entusiasmo, não percamos a serenidade, nem dispensemos a segurança no avanço da ciência, pois não temos como fazer juízo ético daquilo que não conhecemos completamente.

Sigamos confiantes e dedicados nos estudos e no desenvolvimento das CTA e das CPI, dominando cada vez mais e melhor suas possibilidades, e enquanto isso, muita prudência e responsabilidade.

Veja o que nos trouxe Emmanuel, pelas mãos de Francisco Cândido Xavier, muito antes de surgirem as possibilidades que atualmente discutimos:

“O homem desejou recursos para mais facilmente abrir estradas e a divina providência lhe suscitou a idéia de reunir areia e nitroglicerina, em cuja conjugação despontou a dinamite. A comunidade beneficiou-se da descoberta, no entanto, certa facção organizou com ela a bomba destruidora de existências humanas.

O homem pediu veículos que lhe fizessem vencer o espaço, ganhando tempo, e o amparo divino ofereceu-lhe os pensamentos necessários à construção das modernas máquinas de condução e transporte. Essas bênçãos carrearam progresso e renovação para todos os setores das aquisições planetárias, entretanto, apareceram aqueles que desrespeitaram as leis do transito, criando processos dolorosos de sofrimento e agravando débitos e resgates, nos princípios de causa e efeito.

O homem solicitou o apoio contra a solidão psicológica e a Eterna Bondade, através da ciência, lhe concedeu o telégrafo, o rádio, o televisor, aproximando as coletividades e integrando no mesmo clima de aperfeiçoamento e cultura. Apesar disso, junto desses nobres empreendimentos, surgiram aqueles que se valem de tão altos instrumentos de comunicação e solidariedade para a disseminação da discórdia e da guerra.

O homem rogou medidas contra a dor e a Compaixão Divina lhe enviou os anestésicos, favorecendo-lhe o tratamento e o reequilíbrio no campo orgânico. Ao lado dessas concessões, porém, não faltam aqueles que transformam os medicamentos da paz e da misericórdia em tóxicos de deserção e delinqüência.

O homem pediu a desintegração atômica, no intuito de assenhorear mais força, a fim de comandar o progresso, e a desintegração atômica está no mundo, ignorando-se que preço pagará o Orbe Terrestre, até que essa conquista seja respeitada fora de qualquer apelo à destruição.

Como é fácil observar, Deus concede sempre ao homem as possibilidades e vantagens que a inteligência Humana resolve requisitar à Sabedoria Divina. Por isso mesmo, as calamidades que surjam nos caminhos da evolução no mundo, não ocorrem obviamente, sob a responsabilidade de Deus” 


Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

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