De modo geral, pode-se definir candomblé como uma designação dada a várias formas de expressão religiosa de origem africana que têm como base a crença em ancestrais divinizados e fazem do estado de transe mítico a forma, por excelência, de contato entre os deuses e a comunidade religiosa. Esses deuses são
chamados de “orixás”, “voduns” ou “inquices”, de acordo com a “nação” à qual a casa esteja ligada. Candomblé Jeje, Angola, Ketu-Nagô, Macumba, Xangô do Recife, Batuque e Tambor de Mina são algumas das possíveis modalidades rituais e litúrgicas encontradas pelo país.
Os diferentes toques executados pelos atabaques, por si só, podem configurar e delimitar a “nação” à qual está vinculada uma casa de santo. Assim, o que se costumou chamar de candomblé Ketu-Nagô pode ser definido “também” pelos ritmos tocados pelos tambores no contexto litúrgico-religioso
“O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música actua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente”
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.
O ritmo é algo visto como uma expressão de diferentes domínios da vida da comunidade de santo, assumindo variadas e significativas formas de realização. Essa visão aproxima-se do modelo conceitual traçado por Kofi Agawu (African rhythm. Londres: Cambridge University Press, 1995). quando define cinco domínios básicos de “modos rítmicos de significação”:
- Domínio gestual
- Domínio oral / aural (com atributos tonais e rítmicos
- Domínio da música vocal (com ritmo livre e estrito)
- Domínio da música instrumental (linguagem dos tambores e ritmos de dança)
- Domínio coreográfico
No espaço do terreiro, esses domínios se realizam não só durante os rituais públicos mas no dia-a-dia da comunidade. A tentativa de fazer aqui uma tipologia das linhas-guia executadas pelo agogô só fará sentido se as reconhecermos como uma expressão rítmica particularizada e circunscrita – particularmente o domínio da música instrumental – que, no entanto, se inter-relaciona com todas as outras dimensões rítmico-expressivas.
Observando esses domínios de expressão rítmica, vemos que a prática instrumental dos tambores está intimamente ligada a formas específicas de configurações gestuais e posturais; a rítmica gestual é, assim, a materialização tridimensional do fenômeno sonoro. Quando um tocador eleva o braço para executar uma batida, no atabaque ou no agogô, esse ato configura-se também como um evento rítmico dotado de temporalidade estrita. Dessa forma, a percepção da articulação instrumental do som musical passa não só por sua captação sonora, ou seja, como ele é “ouvido”, mas também pelo entendimento de que sua realização se dá num tempo e num espaço determinados; em outras palavras, a percepção de “como” ele é articulado.
Os Atabaques, são os principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é da responsabilidade dos Ogãs.
São de origem africana, usados em quase todos rituais, típicos do Candomblé. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são utilizados para convocar os Orixás.
O Atabaque maior tem o nome de Rum, o segundo tem o nome de Rumpi e o menor tem o nome de Le.
Os atabaques no candomblé são objectos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás: independente da cerimónia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados (o couro que veio da loja geralmente é descartado), só depois de passar pelos rituais é que poderão ser usados no terreiro
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo Rum (o atabaque maior), e pelos Ogãs nos atabaques menores sob o seu comando
É o Alagbê que começa o toque, e é através do seu desempenho no Rum que o Orixá vai executar a sua coreografia de dança, sempre acompanhando o floreio do Rum.
O Rum é que comanda o Rumpi e o Le.
Fonte: vários sites
Fonte: vários sites
AGOGO/GAN
Do iorubá agogô, que significa 'sino'. Instrumento de percussão introduzido no Brasil por africanos, presente em várias manifestações musicais afro-brasileira, como a capoeira, o maculelê e o candomblé. O instrumento é composto de uma ou mais campânulas, de tamanho e sonoridade diferentes, geralmente de ferro, percutidas por uma vareta, geralmente de metal. Chama-se também gonguê, gan ou gã e xeré.
Texto: http://www.iluobademin.com.br
Do iorubá agogô, que significa 'sino'. Instrumento de percussão introduzido no Brasil por africanos, presente em várias manifestações musicais afro-brasileira, como a capoeira, o maculelê e o candomblé. O instrumento é composto de uma ou mais campânulas, de tamanho e sonoridade diferentes, geralmente de ferro, percutidas por uma vareta, geralmente de metal. Chama-se também gonguê, gan ou gã e xeré.
Texto: http://www.iluobademin.com.br
Aguidavis/ Akidavis/ D’avenin: Aguidavis são varetas feitas de madeira, aqui no Sul é costume utilizar Cambuim ou na falta a goiabeira como matéria prima para confecção dos aguidavis, e com essas varetas e com a mão é que são tocados os tambores. Sendo essas varetas diferentes das utilizadas no Candomblé de Keto, tanto no tamanho, quanto na espessura e comprimento, os aguidavis de Jeje são mais curtos de espessura grossa e não são retos, sendo algumas tortos na ponta que são chamadas de aguidavis de volta, o que redobra.
No antigo Daome Existem três tipos de akidavis: o primeiro é D’ele, que é uma vareta longa cortada angularmente, e que normalmente, é usada com os tambores menores e posicionados entre as pernas com o couro para frente e a ressonância para trás; o segundo é o D’humpi que são as varetas arredondadas, normalmente tiradas de árvores sagradas como a gameleira branca, baobá ou árvore de cola, que são utilizadas com diversos diâmetros para os tambores de médio a grande porte; o terceiro, o D’Avenin, são varetas com a ponta curvada e que são tocadas com os tambores cujo couros estão em ambos os lados Segundo os velhos bokonos do Daome, o grande tambor é tocado com par de D’avenin tirado da árvore sagrada do kwe, especialmente feitos por vodunsis virgens.Também se utiliza ainda o Xequerê.
Texto de Pai Leo de Oxalá- http://leodeoxala.blogspot.com
Texto de Pai Leo de Oxalá- http://leodeoxala.blogspot.com
Xequerê
Instrumento feito de cabaça, que é um fruto da família do melão e da abóbora, portanto pode ser encontrado em diferentes formatos e tamanhos, já que são feitos a partir de um material natural. A cabaça é envolta por contas que, ao deslizarem, produzem acentos e ritmos. O xequerê é muito usado em ritmos afro-brasileiros.
Nomes dos Toques dos Orixás na Nação Ketu:
ADABI AGABI ou EGO - Utilizado no Jeje ou Nagô – Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincopado dedicado a Exú/Ogum.
ADARRUM – Ritmo evocatório de todos os Orixás. Rápido, forte e contínuo marcado junto com o Agôgô. Pode ser acompanhado de canto especialmente para Ogum. Utilizado no Jeje.
AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi com andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é chamado de “quebra-pratos” ou Abata (tipo de Ilu). Utilizado no ketu. Pode ser utilizado para todos os orixás.
ALUJÁ OU ELUJÁ (divide-se em roli e pani-pani) – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado a Xangô. Utilizado no Ketu.
AVAMUNHA,AVANINHA, AVANIA, REBATE OU ARREBATE - Utilizado no Jeje para todos.
BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros Orixás. Tocado com as mãos.
BRAVUM – Dedicado a Oxumaré,Ogum e Nanã .Ritmo marcado por golpes fortes do Run.Utilizado no Jeje.
CORRIDO, MASSÁ - Nagô - Todos
FORIBALE - “Dobrar o Couro” Nagô - ´Pessoas Notáveis
HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode ser executado com cânticos para Obaluaiê e Xangô
IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a viagem de um Ancião. É dedicada a Oxalufã.
IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Oxum quando sua execução é só instrumental. Usado também para Ogum, Oxalá e Exu
ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor. Ritmo dedicado a Oya/Iansã
KAKAKA-Umbó ou Batá-Cotô - Ketu - Xangô, Oxaguiã
KORIN- EWE ou AGUERÉ DE OSSAIN – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”.
OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá.
OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Xapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Run. Significa “o que mata e come”
SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Run. Dedicado a Yemanja ,Oxumaré ou Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.
TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para Xangô
BARRAVENTO: Toque de Angola e Congo
CONGO DE OURO: Toque de Angola e Congo
MUZENZA : Toque de Angola e Congo
KABULA : Toque de Angola e Congo
Texto: vários sites
Texto: vários sites
Tambores do Nordeste
Aqui vemos três Ilus, tembores muito utilizados nos cultos de Tambor de Mina, no sítio de Pai Adão e na Casa de Xambá. E alguns atabaques, de uso clássico dos Candomblés da Bahia. Seu uso se expalhou para o resto do país devido à facilidade de sua confecção e transporte. O tambor gigante é um tambor jeje de dois metros de altura - as tradições Fon se utilizam de tambores Rwm gigantescos de até quatro metros da altura, onde repetem a lenda da serpente Damballawedo, que se enrosca na árvore para guardar o segredo do mundo. Reparem no desenho da cobra no casco do tambor. Ao lado, um Lé e um Rumpi especial (apear de estar aqui na foto como um tambor do nordeste, é um tambor do Rio de Janeiro. Este é um atabaque consagrado a Exu e é um tambor com quase cem anos de idade, podendo ser considerado o "primeiro" atabaque da Umbanda.
Foto e texto: http://acervoayom.blogspot.com/2009/12/ayom-sai-pelo-mundo.html
Foto e texto: http://acervoayom.blogspot.com/2009/12/ayom-sai-pelo-mundo.html
Tambores da região sudeste
Vemos aqui duas Ngomas com cravelhas, datadas de quase 50 anos, uma outra Ngoma com sistema de cordas que pertenceu a um Xicarangome de Joãozinho da Gomea. É um tambor que tem, no mínimo, 150 anos. Uma outra Ngoma com sistema de cravelhas em pé, do Paraná; Ao fundo, um tambor de Congada. E duas congas clássicas, que são o correspondente moderno das antigas Ngomas, os tambores originais da região sudeste, que mais tarde foram substituídos pelos atabaques, mais fáceis de fabricar e transportar. Coisas da indústria.
Foto e texto: http://acervoayom.blogspot.com/2009/12/ayom-sai-pelo-mundo.html
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Tambores do Sul
No meio, vemos o raríssimo tambor Inhã, tambor dedicado a Xangô. Ao lado dois tambores de batuque, um bem antigo, feito de latão, dedicado a Oxum e a Ogum; O outro feito de madeira, dedicado a Exu. Ao lado, o raríssimo tambor Nanico, usado em pouquíssimos templos nos dias de hoje, de origem Jeje. E um Abê, conhecido também como Xequerê. Repare que a Inhã, assim como os batás é um tambor que não pode tocar diretamente o solo, por isso está sobre um banquinho.
Foto e texto: http://acervoayom.blogspot.com/2009/12/ayom-sai-pelo-mundo.html
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Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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