EXÚ ou ÈSÙ
NOTA: As duas formas de escrever o nome do Orixá estão corretas; na língua Yorubá não exsite a letra "x", usa-se a letra "s" com um ponto embaixo que tem o som de *xi*.
*Èsù é o síwájú (o primeiro a ser cultuado), ele é o primeiro Òrìsà a ser cultuado em qualquer rito.
Isso se explica devido ao seu papel de energia condutora, propulsora, recapacitadora e reconstituidora.
É graças a energia de Èsù que o sangue circula em nossas veias, que o ar se movimenta, que caminhamos, que falamos; enfim sem Èsù tudo estaria paralisado, estagnado, sem desenvolvimento.
Cada ser vivo, elemento e localidade tem seu Èsù próprio.
Ifá diz:
Se alguém não tivesse seu Èsù em seu corpo, não poderia existir, não saberia que estava vivo, porque é compulsório que cada um tenha seu Èsù individual.
"Ntori pé Èsù bí Olódùmarè é ti mòó sí, ni pé irú ònà nkan gbogbo tó jé isée rè, enikéni ti Èsù bá sì wá pèlú rè, Èsù yi, ò n láti móo se àwon isé yí ni ònà tí ó jé ìrànwó ati àgbéga orúko àti agbára gbogbo fún Olúwaa rè."
"Em virtude da maneira que Èsù foi criado por Olódùmarè, ele deve resolver tudo o que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas obrigações. Cada pessoa tem seu próprio Èsù; o Èsù deve desempenhar seu papel, de tal modo que ajude a pessoa para que ela adquira um bom nome e o poder de desenvolver-se."
"Olódùmarè fez Èsù como se fosse um medicamento de poder sobrenatural próprio para cada pessoa. Isso quer dizer que cada pessoa tem à mão seu próprio remédio de poder sobrenatural podendo utilizá-lo para tudo o que desejar. Èsù exerce as mesmas funções para todos os ebora. Só os seres humanos não podem ver seu Èsù pessoal. Os ebora, os Òrìsà e todos os Irúnmalè podem ver-se a si próprios, acompanhados de seu Èsù, fato que lhes permite executar tudo o que têm necessidade, de acordo com as maneiras específicas e os deveres de seu Èsù".
Èsù está relacionado em várias passagens de Ifá e dentro do rito ao número 1; isto refere-se que a adição de uma unidade ao número redondo (200) evoca a continuação, o número redondo, ao contrário, marca uma paralisação na numeração, logo, por analogia, uma paralisação das relações sociais das partes, um limite.
Todo o sistema Afrô está interligado à condição da oferenda (ebó) com a finalidade de restituição de energia, redistribuindo o àse, é o único meio de conservar a harmonia entre os diversos componentes do sistema, entre os dois planos da existência, e de garantir a continuidade da mesma.
É Èsù quem faz cumprir esse processo para o equilíbrio de tudo que existe.
É a devolução que permite a multiplicação e o crescimento; é como se um processo vital equilibrado, impulsionado e controlado por Èsù, fosse baseado na absorção e na restituição constantes de matéria.
Nesse princípio de restituir que Èsù está ligado com o destino individual, tendo o poder sobre òna burúkú (caminhos condutores de elementos negativos) e òna rere (condutores das boas coisas, tanto no òrun como no àiyé).
Èsù fica à esquerda do caminho e daí controla a entrada e a saída de todo o tráfego, mas é a encruzilhada de três caminhos (orita), donde os caminhos se encontram e repartem seu local preferido.
Essa imposição de Èsù controlar tudo nos caminhos, de fechar e abrir os caminhos, não está ligada ao fato de que façam o gosto de Èsù como muitos pensam, e sim pelo fato que Èsù cobra para permitir salvaguar e desenvolver a existência individualizada, a de cada ser a quem Èsù acompanha e representa.
Como Èsù é a interação de todos elementos, suas cores representativas deixam isso bem claro: o preto, o vermelho e o branco.
Deixando claro também que Èsù Òrìsà não tem nada haver com Èsù "rodantes", que incorporam, esses Èsù rodantes são égúns, não energia ebora.
Assim como Olódùmarè representa o princípio da existência genérica Èsù é o princípio da existência diferenciada.
Muitos tentam deturpar os ritos Afrôs atacando a figura de Èsu, querendo relacioná-lo com a maldade e a figura do Diabo, sabendo-se que esse elemento inexiste na cultura Yorubana, sendo o Diabo um elemento criado, inventado pela cultura Cristã e adotada pelos novos Néo-evangélicos como elemento de pressão para seus fiéis.
Òrìsà são energias da natureza condutores desta energia, inclusive de nossa energia mental, como é também o caso de Èsù. Sendo assim, recebemos tão somente aquilo que merecemos e produzimos. Se tivermos um presente de desequilíbrio, não sabendo como utilizarmos a própria natureza em sua abundância, teremos um futuro em desgraças e miséria. Se não repormos aquilo que utilizamos, nossa espécie estará condenada a extinção. É nesse ítem que Èsù cumpre seu papel, cobrando a reposição para a continuidade, equilibrando assim Òrun (o Além) e o Àiye (o mundo).
Èsù é o líder dos Òrìsà, o primogênito do Universo, o primeiro elemento a ser criado. A criança querida de Olódùmarè.
No princípio Olórun (Deus) era uma massa infinita de ar; quando começou a mover-se lentamente, a respirar, uma parte do ar, transformou-se em massa de água, originando Òrìsànlá, o grande Òrìsà-Funfun (Òrìsà do branco). O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles mesmos, transformou-se em lama. Dessa lama originou-se uma bolha ou montículo, primeira matéria dotada de forma, um rochedo avermelhado e lamacento (laterita). Olórun admirou essa forma e soprou sobre o montículo, insuflando-lhe seu èmí (hálito), o òfurufú (ar divino), dando-lhe vida.
Esse rochedo de laterita, era Èsù, ou melhor, o proto-Èsù, Èsù Yangí. Foi dessa mesma lama que Èsù foi criado que Ikú tomou uma porção para modelar o ser-humano. Yangí, constituído da mesma matéria de origem, converte-se assim, no primogênito da humanidade. Èsù Yangí, é o Èsù ancestre ou Èsù-Àgbà, o Èsù pé do Òkòtó (rei de todos seus descendentes), Èsù-Oba é o pai-ancestre mas, ao mesmo tempo, o primeiro nascido. Èsù é por isso o Igbá-Keta (a terceira cabaça), a terceira pessoa, o terceiro elemento.
Nas Ilés Òrìsà, cada Òrìsà possui seu Barà pessoal, o nome de cada Èsù acompanhante é conhecido, invocado e cultuado junto ao Òrìsà, como elemento indestrutívelmente ligado a este.
Ifá nos relata no Odù Ogbè-Ìretè ; que Èsù deve fazer parte de tudo o que existe: "Odù Ifá explica tudo que concerne aos vários Èsù individual. Todos ebora e os Òrìsà, que são os irúnmalè, cada um deles tem seu próprio Èsù à parte. Da mesma forma, todos os animais, cada um, tem seu próprio Èsù de acordo com a espécie. Olódùmarè criou Èsù como um ebora todo especial de maneira tal que ele deve existir com tudo e residir com cada pessoa. Em virtude de suas competências e poder de realização, de sua inteligência e natureza dinâmica, o Èsù de cada um deverá dirigir todos os seus caminhos na vida. É Ifá quem fala e revela para nos permitir sabê-lo.
Essa capacidade dinâmica de Èsù que tanto permite a Sòngó lançar suas pedras de raio como a Òsónyìn preparar seus remédios, esse poder neutro que permite a cada ser mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos, é conhecido sob o nome de agbára. Èsù é o Senhor-do-poder (Elegbára), ele é ao mesmo tempo seu controlador e sua representação.
Èsù carrega o Àdó-iràn (a cabaça que contém a força que se propaga).
É somente por seu intermédio que é possivel adorar as Ìyá-mi. *
Texto composto pelo Babalòrìsà Francisco d´Ósóòsì
Ilè Òrìsà Odè Inlè
Ilè Òrìsà Odè Inlè
EXÚ
Exú Elegbára =
*Senhor do Poder*
Conhecido como Elegbára (ele=dono, senhor ; agbara=poder), contém muitas definições e funções:
Exú Yangi =
pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente - água + terra -
Exú Àgbá =
pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais)
Exú Obá
rei-de-todos
Exú Alakétu =
título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu
Exú Elebo =
senhor-das-oferendas
Exú Ojìse-ebo =
encarregado-e-transportador de oferendas
Exú Elérú =
senhor do erú (carrego)
Exú Olòbe =
proprietário e senhor da faca
Exú Enú-gbárijo =
explicitador de mensagens
Exú Bara =
o rei do corpo (obá + ara)
(princípio de vida individual)
Exú Odara =
aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente)
Exú é o 1º nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado.
Mensageiro dos orixás , elemento de ligação entre as divindades e os homens, a um tempo mais próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Òrúnmìlà, é um orixá.
É sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os rituais.
Coerente com seu lugar mítico privilegiado, é ele que abre esse "corpus mitopoético" .
Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta),
Participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio Exú e seu próprio Olorún em seu corpo.
O nome de Exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e permite-nos sabê-lo.
O Òkòtó representa o crescimento Agbárá - poder que permite a cada um se mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos.
Por isso recebe o título de Elegbára (senhor do poder).
Quem delegou esse poder a Exú foi Olorún ao entregar-lhe o àdó-iràn , a cabaça que contém a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus "assentos", é uma cabaça de pescoço grande, e basta Exú apontá-la a algo para transmitir seu axé.
Exú Elegbára é o companheiro de Ogun.
Exú Yangi, pedra vermelha de laterita, pedaços de laterita cravados na terra, indicam o lugar de culto à Exú.
Yangi é a representação mais importante de Exú e, é assim invocado: EXÚ YANGI OBÁ BABÁ EXÚ EXÚ YANGI rei, pai de todos os Exú.
Exú Yangi é o Exú ancestre, o Exú Agbá. Oxé-tuwá, representante direto de Exú, simboliza um de seus aspectos mais importantes, o de ser encarregado e transportador das oferendas, Òjise-ebo. Exú por ser resultado da interação de um par, é o portador mítico do sêmen e do útero ancestral e como princípio de vida individualizada ele sintetiza os dois.
É por isso que frequentemente, ele é representado pela forma de um par, uma figura masculina e uma feminina, unidos por fileiras de búzios.
Exú está profundamente ligado à atividade sexual. Representados por um falo (pênis), ou suas representações simbólicas como: os penteados de forma fálica, sua arma, o ogó - bastão em forma de pênis -, sua lança; já as cabacinhas representam seus testículos.
Exú também está representado com objetos à sua boca; dedo, cachimbo e principalmente flauta, que vem representar a atividade sexual, como absorção e expulsão, ingestão e restituição, Com a flauta Exú chama seus descendentes.
Portanto símbolo por excelência da fecundidade. Exú jamais toma a forma de procriador.
Exú é cultuado tanto como lésè-égún, como lésè-orixá, e apenas por seu intermédio é possível cultuar os orixás e as Iyá-mi (mãe ancestre).
Não é apenas Òjisé-ebo, mas principalmente Òjisé, o mensageiro, fazendo a comunicação entre tudo que é oposto.
Com efeito a relação entre Exú e Ifá, é indiscutível, e Exú está representado em um dos principais emblemas característicos do culto à Ifá , o òpón, onde Exú tem sua representação em forma de rosto, de triângulos e losangos.
É no seu papel de princípio dinâmico, de princípio de vida individual e de Òjise ou elemento de comunicação, que Exú Bará está indissoluvelmente ligado à evolução e ao destino de cada indivíduo.
Como tal ele também é senhor dos caminhos Exú Olònà, e ele pode abri-los ou fechá-los. Exú fica à esquerda dos caminhos.
O elemento procriado, é a prova do poder das Iyá-mi, é o pássaro, o Elèye.
Exú foi o primeiro a usar ekódide (pena de uma espécie de papagaio) na cabeça, e foi isto que o tornou decano de todos os orixás.
Alguém que coloca ekódide na cabeça sem necessidade, provoca a cólera de Exú.
Enganosamente ou mal intencionados, os primeiros missionários que chegaram à África, compararam-no ao diabo, por algumas de suas formas, artimanhas e poderes atribuídos.
Ele tem as qualidades dos seus defeitos, pois é dinâmico e jovial, havendo mesmo pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como Èxúbíyìí (concebido por exú), ou Èxùtósìn (Exú merece ser adorado).
Como personagem histórica, Exú teria sido um dos companheiros de Odùduà, quando da sua chegada à Ifé, e chamava-se Exú Obasin.
Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de Orúnmilá, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo Epega, Exú, tornou-se rei de Kêto sob o nome de Exú Alákétu.
É Exú que supervisiona as atividades do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado Exú Akesan.
Como orixá, diz-se que veio ao mundo com um porrete, chamado, ogó, que teria a propriedade de transportá-lo, a centenas de quilômetros e de atrair, por um poder magnético, objetos situados a distâncias igualmente grandes.
EXU (iorubá), Embarabê (kêto), Lalu (ijexá), Elegbá ou Legbá, Bará (jejes), Aluvaiá (angolas), Bombonjira e Panjira, respetivamente macho e fêmea (congos)... E ainda outros nomes e apelidos: Barabô, Tiriri, Mojubá, Juá Maromba, Chefe Cunha, Maioral etc. Está identificado no sincretismo católico com o Diabo (candomblés bantos), Santo Antônio e São Pedro (Porto Alegre), São Bartolomeu e São Gabriel (Recife).
Na escuridão da noite mágica, Exu crava na encruzilhada sete espadas, que são os sete caminhos do seu império. Logo vem encontrá-lo seu irmão Ogun. E partem ambos pelas sendas do desconhecido, a serviço dos deuses e dos mortais.
Abridor de caminhos, intermediário das dinvindades, medianeiro entre homens e orixás, Exu é oHermes grego, com os mesmos atributos do deus grego, que os Romanos copiaram com o nome de Mercúrio.
As imagens de Hermes se erigiam no cruzamento das estradas e nas encruziladas das cidades, locais que pertencem exatamente aos domínios de Exu.
Recebia Hermes epitetos diversos: Enódios, (o que está) no caminho; Hegemon, o guia, aquele que abre os caminhos; Argeiphontes, correio, mensageiro rápido; Diáctoros, o mensageiro dos deuses. Dir-se-ia que são epítetoscunhados para Exu. Mensageiro, Exu desempenha também a missão de diplomata, devendo ser convincente e sem falhas, pelo ue também se ajusta a ele a denominação, dada a Hermes, de Meilichios, com seus múltiplos sentidos de afável, eloqüente, aquele que se exprime bem e cujas palavras são doces como o mel.
Sendo, como Hermes, Nyctos, noturno, da noite, Exu enxerga no escuro, ao desepenhar seu importante papel de observador, espião, Opópeter, sempre vigilante, cuidando do equilíbrio perfeito entre os diversos segmentos do universo. Nyctos, Exu é também Nychios, o que desce às profundezas sombrias, como Pshichopompos, o condutor das almas. Assim, é divindade ctoniana, (*) sempre associada, nas mitologias, às funções de fecundidade e procriação.
Os neoplatônicos deram a Hermes o epiteto de Trismegistos, Três-vezes-grandíssimo, deus das revelações, e sabemos que Exu é também oráculo, consultado através dos dezesseis búzios divinatórios.
(*) Ctoniano= Do grego Chton, a Terra. São divindades subterrâneas que, embora relacionadas como mundo superior, representam a vida manifestada no subsolo. Personificam a terra-mãe e fecunda. Atingindo regiões profundas, era tidas como divindades infernais. Surgiram principalmente nas seitas órficas, pelas idéias da imortalidade e da ressurreição.
ITANS
(LENDAS)
Exu ganha o poder sobre as encruzilhadas.
Exu não possuia riquezas, não possuia terras, não possuia rios, não tinha nenhuma profissão, nem artes e nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá. Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, Exu se distraía, vendo o velho fabricando os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco, quatro dias, sete dias, e nada aprendiam. Traziam oferendas, viam o velho orixá, apreciavam sua obra e partiam.
Exu foi o único que ficou na casa de Oxalá ele permaneceu por lá durante dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá modelava as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens, as mãos, os pés, a boca, os olhos, e a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou auxiliando o velho Orixá.
Exu observava, não perguntava nada Exu apenas observava e prestava muito atenção e com o passar do tempo aprendeu tudo com o velho.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa. Para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda a Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer. Oxalá não queria perder tempo recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam.
Oxalá nem tinha tempo para as visitas.
Exu que tinha aprendido tudo, agora podia ajudar Oxalá.
Era ele quem recebia as oferendas e as entregava a Oxalá.
Exu executava bem o seu trabalho e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá teria que pagar também alguma coisa a Exu.
Exu mantinha-se sempre a postos guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete, afastava os indesejáveis e punia quem tentasse burlar sua vigilância. Exu trabalhava demais e fez sua casa ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, e sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
E ninguém pode mais passar pela encruzilhada sem fazer uma paga a Exu.
O PADÊ, UMA PRIORIDADE DE EXU
Várias lendas dão Exu como filho de um rei africano, irmão de Ogun, Xangô, Oxosse ou Omolu, conforme a *nação*.
Caçula, Exu era brigão, desordeiro, dissoluto.
Por isso vivia marginalizado ou preso ou banido.
Após sua morte, já haviam se esquecido dele, quanto Exu passou a perturbar as cerimônias realizadas para os orixás.
Ao mesmo tempo, o reino foi assolado por pragas e pestes. As colheitas secaram, o gado morreu, os homens adoeceram.
Consultado um babalaô, as do dendezeiro, jogadas, revelaram que a causa das jogadas era uma vingança do príncipe Exu, que exigia, como compensação, fosse sempre servido em primeiro lugar, antes de todos os orixás.
E assim foi feito.
Exu passou a abrir a semana litúrgica e todas as cerimônias têm início com o padê.
É um rito propiciatório, ao som de cânticos entoados na língua da "nação" a que pertence o candomblé.
Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-de-dendê e um copo de água ou cachaça, que são "arriados" para Exu, "o homem da rua", do lado de fora do barracão, na direção da porta principal.
Nas festas, o padê é geralmente precedido pela "matança", em que animais são sacrificados aos orixás, a primazia cabendo sempre a Exu.
Em alguns candomblés (e na umbanda) afirma-se que a necessidade de homenagear Exu em primeiro lugar visa a evitar que ele, espírito malévolo, possa perturbar a reunião, se não o agradarem.
Mais tradicionalmente, porém, o "despacho" de Exu consiste em enviá-lo para convocar os outros deuses, que virão comunicar-se com os mortais. Basta lembrar que padê, no idioma iorubá, significa "encontro".
Em Cuba, Exu ganhou o padê na qualidade de médico de Olofi, o deus supremo, criador do céu e da terra. Este adoeceu e foi Exu (Ekeggua) quem o curou com suas ervas medicinais.
Como agradecimento, determinou Olofi que se deveria servir Exu sempre em primeiro lugar. Vemos, assim, que Elegbá também conhece as ervas medicinais, que curam ou matam.
Seguido por seu irmão Ogun, que desemaranha o intrincado da floresta, Exu abre os caminhos para que o babálossãe, sacerdote de Ossãe, possa colher as plantas mágicas e sagradas.
Exu é o guardião da cabaça misteriosa através da qual Ossãe fala, como falavam os espíritos através de maracás dos pajés indígenas.
MORADA, COMPADRIO, PROTEÇÃO
Divindade sempre erradia, Exu tem o seu assento no quintal, fora da casa do candomblé. Sua morada fica comumente perto da entrada principal, numa casinhola com cerca de metro e meio de altura.
A pequena porta da casinhola costuma ser fechada a cadeado, evitando que Exu possa sair em horas impróprias, fazendo suas estrepolias.
Pode existir, no entanto, o Exu doméstico de um candomblé, que mora por vezes no interior da casa.
É o Compadre, nome cairnhoso e expressivo, sabendo-se que, para o povo, o compadrio estabelece laços muito íntimos, com força de familiares.
AS FALANGES DOS EXUS
Os exus trabalham para os Orixás, tendo sua hierarquia entre eles.
Como exemplo na linha do Cemitério, existe o Omulu que é o maioral no cemitério, depois vem o Pinga Fogo, Caveira, etc...Seria essa Hierarquia.
E os exus também têm suas linhas e cada um é responsável para fazer sua função; abaixo vamos ver as linhas :
LINHAS DAS ALMAS
São os que vivem onde tem almas , ou seja, na calunga*, e existem varias calungas: Calunga Grande(mar) calunga(Cemitério), Calunga Das Matas(matas).
LINHA DAS ENCRUZILHADAS
Destina-se a linha da rua, ou seja o povo da rua responsavel por todos os caminhos.O responsável por todas encruzilhadas seria o Rei das 7 Encruzilhadas.Existem vários exus dessa linha: Capa Preta da Encruzilhada, 7 Encruzilhada , 7 Estrada , 7 Caminhos , Tranca Ruas..etc.. Trabalham muito com velas vermelhas e pretas, pretas. Usam guias da mesma cor. Trabalham muito em encruzilhadas, recebem suas oferendas em encruzilhadas* e matas
* As encruzilhadas de cimento não são boas para fazer oferendas para exus, pois lá vivem muitos kiumbas, eguns, espíritos atrasados que usam os nomes dos exus para atrapalharem as pessoas.
* As encruzilhadas de cimento não são boas para fazer oferendas para exus, pois lá vivem muitos kiumbas, eguns, espíritos atrasados que usam os nomes dos exus para atrapalharem as pessoas.
LINHA DAS MATAS
Onde vivem os exus que trabalham nas Cachoeiras, pedreiras, em matas, rios..etc...onde a maioria são caboclos quimbandeiros, trabalham muito com ervas,gostam muito de ensinar banhos,defumações, tudo que envolva ervas. Existem vários tipos de matas, matas serradas, matas fechadas, matas em beira de estrada, de mar, onde existem os determinados exus responsáveis. São vários, alguns mais conhecidos como: Arranca Toco ,7 Cachoeiras, Pimentas ,Das Matas, dos Rios..etc...
Trabalham muito com velas verdes ,verdes e pretas ,pretas ,ervas .
Usam guias da mesma cor!
Trabalham muito com velas verdes ,verdes e pretas ,pretas ,ervas .
Usam guias da mesma cor!
OUTRAS LINHAS
Existem as linhas dos mirins, onde cada exu tem o mirim que o representa. Trabalham com velas cor de rosa e preta, azul e preta , doces , balas , guaranás , mel , etc.O exu chefe seria o Tiriri.. e os exus mirins em sua maioria são serventia de eres.
Existem também a linha dos exus do mar, são piratas, marinheiros e exus das almas; afinal o mar é a calunga grande.Trabalham com velas pretas ,azuis ,com areia .Suas guias são da mesma cor e com conchas e búzios.
Outra linha são as dos ciganos que em sua maioria são da linha das almas, trabalham muito com anéis, jóias ,correntes , tudo envolva dinheiro, usam velas de varias cores .As guias variam bastante em correntes ,ou Amarelo e Preto.
POMBAS-GIRA
Pertencem a todas as linhas acima: Pomba-gira Cigana, 7 Saia das Matas ,Pomba-gira Menina ,Dama da Noite , Rosa Caveira, etc..
COMPANHEIRAS(OS)
Cada exu (e pomba-gira) tem sua companhia, seria como se fosse um braço direito, onde cada exu ou pomba-gira for seu companheiro vai junto. Eles tem vários companheiros mas sempre existe um braço direito, o de confiança. E isso pode variar de exu para exu, por exemplo: o Tranca Rua das Almas tem como companheira a Pomba-gira das Almas, mas talvez o Tranca Rua que incorpora no João não é o mesmo que incorpora no José, embora sendo da mesma falange, mas eles podem ter companheiras diferentes.
Médium e Exu
Todo médium que vai incorporar o seu exu, já tem um predestinado; E como é que o exu é predestinado a um médium? Por encarnações passadas.
O exu pode ser bem evoluído e pouco evoluído, em luz, força, sabedoria, onde o exu pode ensinar o médium e aprender também. A sabedoria não depende só do exu e sim do médium também, ou seja, não adianta o médium ter um exu evoluído, forte e ele ser leigo, o médium também tem que estudar, saber trabalhar, aí o médium também evolui! Deve tratar os exus, fazer obrigações,assentamentos,tem que saber tratar, por isso devem estudar.
O exu pode ser bem evoluído e pouco evoluído, em luz, força, sabedoria, onde o exu pode ensinar o médium e aprender também. A sabedoria não depende só do exu e sim do médium também, ou seja, não adianta o médium ter um exu evoluído, forte e ele ser leigo, o médium também tem que estudar, saber trabalhar, aí o médium também evolui! Deve tratar os exus, fazer obrigações,assentamentos,tem que saber tratar, por isso devem estudar.
*Calunga seriam onde os corpos das pessoas são enterradas e as almas ficam vagando, exemplo o cemitério, o mar; afinal muitas pessoas morrem afogadas,as matas..etc...
ALTAR PARA EXÚ
Bará
Bará
Os primeiros missionários após identificarem, o que para eles era importante, o que representava este Orixá aos negros, logo o identificaram como o Diabo, talvez por alguns comportamentos que a Ele é comum, como: irreverência, prepotência, arrogância, astúcia e um ser nem um pouco puro, se óbvio comparado aos padrões da Igreja Cotólica.
Por várias características pertencentes aos homens, Bará se apresenta como o Orixá mais humano de todos os Deuses africanos, a mais marcante e que responde sempre na mesma forma de como e tratado, se ganha o que lhe pertence, encontraremos um Orixá prestativo e presente, segurando todas nossas futuras necessidades, caso contrario devemos nos preparar, sem exagero, para alguma coisa desagradável.
Como dono das chaves, dos portais, encruzilhadas e caminhos, deve sempre ter suas saudações, obrigações e cortes, este último quando necessário, feitos em primeiro lugar, assim nos humanos garantimos a segurança de nosso ritual, assim como no ritual e o Orixá responsável pela boa abertura dos trabalhos, esta para nossos negócios e vidas, destrancando caminhos e abrindo portas, ou trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e cumprimento de tarefas.
Uma de suas características mais marcantes, esta presente em uma das milhares lendas existentes sobre este Orixá, conta a lenda que certo dia Bará desafia Oxalá, a discussão em pauta era saber quem era o mais antigo, logo Aquele que deveria receber mais respeito, e se tornar o soberano em relação ao Outros, após uma batalha cheia de peripécias e truques, Oxalá domina a cabaça de Bará, onde esta sua concentração de poderes, tornando-lhe assim seu eterno servo.
Exu serve como intermediário entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação, é o princípio de tudo, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É o primeiro passo em tudo.Está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos, que carregam em seu plexo este elemento dinâmico denominado Exu. No candomblé é chamado Bára, ou seja, “no corpo”, preso a ele. É a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas. Aquele que ludibria, engana, confunde; mas, também ajuda, dá caminhos, soluciona.
Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os sete chacras (pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras. É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta.
Não é dele a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado; apenas realiza a tarefa para a qual foi invocado. Teria mesmo papel que o deus Mercúrio na mitologia grega.
Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikís (versos sagrados), que diz:
“Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje!”.
Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os sete chacras (pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras. É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta.
Não é dele a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado; apenas realiza a tarefa para a qual foi invocado. Teria mesmo papel que o deus Mercúrio na mitologia grega.
Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikís (versos sagrados), que diz:
“Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje!”.
CORESVermelho (ativo) e preto (absorção de conhecimento)
SAUDAÇÃO Laroiê Exu (“Salve Exu”), Alúpo ou Lalúpo; Èsù yè, Laróyè (Salve Èsù).
DOMÍNIO Encruzilhada, portas, caminhos, movimento, cosmo
ANIMALCachorro
ELEMENTO Fogo
VELASPreta (conhecimento) e vermelha (coragem)
DIA DA SEMANA Segunda-feira
NÚMEROS01, 07 e seus múltiplos
GUIA
Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelha
Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelha
OFERENDA
Pipoca, Milho torrado, 07 batatas inglesas assadas e azeite de dendê
Pipoca, Milho torrado, 07 batatas inglesas assadas e azeite de dendê
ADJUNTOS
Legba com Oiá Timboá, Lodê com Iansã ou com Obá, Lanã com Obá ou com Oiá, Adaqui com Oiá ou com Obá, Agelú com Oxum Pandá e as vezes com Oiá
Legba com Oiá Timboá, Lodê com Iansã ou com Obá, Lanã com Obá ou com Oiá, Adaqui com Oiá ou com Obá, Agelú com Oxum Pandá e as vezes com Oiá
METAL
Bronze (elemento vermelho –renascimento), mas prefere acima de tudo o barro, lama de onde surgiu. Ferro bruto (minério). Terra.
Bronze (elemento vermelho –renascimento), mas prefere acima de tudo o barro, lama de onde surgiu. Ferro bruto (minério). Terra.
INSTRUMENTO Tridente
FERRAMENTAS
Corrente, chave, foice, moeda, búzios, entre outros
Corrente, chave, foice, moeda, búzios, entre outros
AVE
Galo Vermelho
Galo Vermelho
QUATRO PÉ
Cabrito branco osco mais ou menos marrom
Cabrito branco osco mais ou menos marrom
SÍMBOLO
Ogò (porrete em formato de okani (phalus)–representando a fertilidade) e àdó (cabaça) e o Òkòtó (uma espécie de caracol).
Ogò (porrete em formato de okani (phalus)–representando a fertilidade) e àdó (cabaça) e o Òkòtó (uma espécie de caracol).
AJEUN
Come de tudo. (Pois ele é quem restitui tudo).
Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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