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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pomba Gira e as suas histórias



Pomba Gira

Nos cultos tradicionais oriundos da Nigéria não havia a entidade Pombagira ou um Orixá que a fundamentasse.
Mas, quando da vinda dos nigerianos para o Brasil (isto por volta de 1800), estes aqui encontram-se com outros povos e culturas religiosas e assimilam a poderosa Bombogira angolana que, muito rapidamente, conquistou o respeito dos adoradores dos Orixás.
Com o passar do tempo a formosa e provocativa Bombogira conquistou um grau análogo ao de Exu e muitos passaram a chamá-la de Exu Feminino ou de mulher dele.
Mas ela, marota e astuta como só ela é, foi logo dizendo que era mulher de sete exus, uma para cada dia da semana, e, com isso, garantiu sua condição de superioridade e de independência.
Na verdade, num tempo em que as mulheres eram tratadas como inferiores aos homens e eram vítimas de maus tratos por parte dos seus companheiros, que só as queriam para lavar, passar, cozinhar e cuidar dos filhos, eis que uma entidade feminina baixava e extravasava o ‘eu interior’ feminino reprimido à força e dava vazão à sensualidade e à feminilidade subjugadoras do machismo, até dos mais inveterados machistas.

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Pombagira foi logo no início de sua incorporação dizendo ao que viera e construiu um arquétipo forte, poderoso e subjugador do machismo ostentado por Exu e por todos os homens, vaidosos de sua força e poder sobre as mulheres.
Pombagira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal e liberada, exibicionista e provocante, insinuante e desbocada, sensual e libidinosa, quebrando todas as convenções que ensinavam que todos os espíritos tinham que ser certinhos e incorporarem de forma sisuda, respeitável e aceitável pelas pessoas e por membros de uma sociedade repressora da feminilidade.
Ela foi logo se apresentando como a “moça” da rua, apreciadora de um bom champagne e de uma saborosa cigarrilha, de batom e de lenços vermelhos provocantes.
“O batom realça os meus lábios, o rouge e os pós ressaltam minha condição de mulher livre e liberada de convenções sociais”.
Escrachada e provocativa, ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, à rameira oferecida , e ela não só não foi contra essa associação como até confirmou: “É isso mesmo”!
E todos se quedaram diante dela, de sua beleza, feminilidade e liberalidade, e como que encantados por sua força, conseguiram abrir-lhe o íntimo e confessarem-lhe que eram infelizes porque não tinham coragem de ser como elas.
Aí punham para fora seus recalques, suas frustrações, suas mágoas, tristezas e ressentimentos com os do sexo oposto.
E a todos ela ouviu com compreensão e a ninguém negou seus conselhos e sua ajuda num campo que domina como ninguém mais é capaz.
Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante dela, se abrem e confessam suas necessidades.
Quem não iria admirar e amar arquétipo tão humano e tão liberalizado de sentimentos reprimidos à custa de muito sofrimento?
Pombagira é isto. É um dos mistérios do nosso divino criador que rege sobre a sexualidade feminina. Critiquem-na os que se sentirem ofendidos com seu poderoso charme e poder de fascinação.
Amem-na e respeitem-na os que entendem que o arquétipo é liberador da feminilidade tão reprimida na nossa sociedade patriarcal onde a mulher é vista e tida para a cama e a mesa.
Mas ela foi logo dizendo: “Cama, só para o meu deleite e mesa, só se for regada a muito champagne e dos bons!
Com isso feito, críticas contrárias à parte, o fato é que o arquétipo se impôs e muita gente já foi auxiliada pelas “Moças da Rua”, as companheiras de Exu.
A espiritualidade superior que arquitetou a Umbanda sinalizou à todos que não estava fechada para ninguém e que, tac como Cristo havia feito, também acolheria a mulher infiel, mal amada, frustrada e decepcionada com o sexo oposto e não encobriria com uma suposta religiosidade a hipocrisia das pessoas que, “por baixo dos panos”, o que gostam mesmo é de tudo o que a Pombagira representa com seu poderoso arquétipo.
Aos hipócritas e aos falsos puritanos, pombagira mostra-lhes que, no íntimo, ela é a mulher de seus sonhos… ou pesadelos, provocando-o e desmascarando seu falso moralismo, seu pudor e seu constrangimento diante de algo que o assusta e o ameaça em sua posição de dominador.
Esse arquétipo forte e poderoso já pôs por terra muito falso moralismo, libertando muitas pessoas que, se Freud tivesse conhecido, não teria sido tão atormentado com suas descobertas sobre a personalidade oculta dos seres humanos.
Mas para azar dele e sorte nossa, a Umbanda tem nas suas Pombagiras, ótimas psicólogas que, logo de cara, vão dando o diagnóstico e receitando os procedimentos para a cura das repressões e depressões íntimas.
Afinal, em se tratando de coisas íntimas e de intimidades, nesse campo ela é mestra e tem muito a nos ensinar.
Seus nomes, quando se apresentam, são simbólicos ou alusivos.
  • Pombagira das Sete Encruzilhadas
  • Pombagira das Sete Praias
  • Pombagira das Sete Coroas
  • Pombagira das Sete Saias
  • Pombagira Dama da Noite
  • Pombagira Maria Molambo
  • Pombagira Maria Padilha
  • Pombagira das Almas
  • Pombagira dos Sete Véus
  • Pombagira Cigana etc.
O simbolismo é típico da Umbanda porque na África, ele não existia e o seu arquétipo anterior era o de uma entidade feminina que iludia as pessoas e as levavam à perdição. Já na Umbanda, é o espírito que “baixa” em seu médium e, entre um gole de champagne e uma baforada de cigarrilha, orienta e ajuda a todos os que as respeitam e as amam, confiando-lhes seus segredos e suas necessidades. São ótimas psicólogas. E que psicólogas! “Salve as Moças da Rua”!
Escudo Fluidico
Ponto Fluídico Pomba Gira
Esta entidade obedece à força deste triângulo fluídico riscado com pemba amarela, com a parte oposta a um vértice ou ponta de frente para o ponto cardeal OESTE. O pano sobre o qual deve ser riscado é de cor verde-escura, também cortado em forma triangular. Leva velas ímpares para pedidos de ordem espiritual nas pontas e nos cruzamentos de riscos e velas pares para pedidos de ordem material, todas dentro do triângulo riscado. Aceita álcool ou aguardente num copo de barro e charutos num prato de barro, acesos de lumes para fora, em forma de leque. Aceita folhas de pinhão-roxo ou de trombeta e flores iguais, também em redor de sua oferenda. Estas oferendas devem ser feitas às segundas-feiras, entre nove horas e meia-noite, sempre numa encruzilhada de quatros saídas ou caminhos, nos campos, nas capoeiras, mata etc., e nunca nas de ruas.
  • Rubens Saraceni
Pomba Gira Cigana
A linha dos ciganos é uma linha independente que não trabalha apenas na umbanda. Tem uma vibração muito próxima à Linha do Oriente, podendo trabalhar como uma Falange dessa linha. ou como uma Linha independente, com suas próprias falanges, dependendo da raiz (origem) dos espíritos.
As entidades ciganas costumam ter muitas experiências encarnatórias como ciganas, com tradição e conhecimento de seu povo. Enquanto que as pombas Giras Ciganas podem ter sido ciganas, que optaram pelo trabalho de pombas Giras ou Pombas Giras que tiveram acesso ao conhecimento e à magia própria dos ciganos sem contudo terem ligação de raiz com o povo cigano. Suas manifestações, seja através da vibração ou da incorporação propriamente dita, são de muita alegria e alto astral, deixando em seus médiuns uma sensação reconfortante.
Em suas consultas, usam elementos dos povos ciganos, como: frutas, incensos, flores do campo, rosas coloridas, velas coloridas, ervas, especiarias, cristais baralhos ciganos, runas, moedas etc.
Suas roupas podem ser de diversas cores e costumam ser bastante enfeitadas. As Pombas Giras Ciganas são entidades que realizam um trabalho mais denso, e por isso mesmo, teem a vibração mais forte que as Ciganas.
Efetivamente são Pombas Giras, com algumas características Ciganas, trabalham mais a magia, os oráculos, as revelações, os encantamentos de amor etc. Essas entidades são especialistas nas artes do amor, exemplo disso é a famosa Pomba Gira Cigana das Sete Saias.
Existem evidentes diferenças nas incorporações, comportamento, elementos de trabalho, tipo de consulta e aconselhamento, roupas, danças ente outros, entre as Ciganas e as Pombas Giras Ciganas. Entre as diferenças das duas entidades, destaca-se a sensualidade: as Pombas Giras Ciganas apresentam-se em geral mais sensuais que as Ciganas e as Pombas Giras Guardiãs.
Raramente uma entidade Cigana mostra-se densa, autoritária ou de mal humor. Os ciganos também costumam se apresentar bem mais alegres, calorosos amorosos e sedutores que os Exús, mas isso em nada diminui seu fascínio poder de fogo, são conhecedores da alta magia e principalmente da alma humana, e seus trabalhos são muito eficientes


Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

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