Talvez muitos não tenham se perguntado sobre o significado da morte de Francisco Cândido Xavier ter ocorrido no mesmo dia da conquista do título de pentacampeão mundial de futebol pelo Brasil. A rigor, tal situação não deveria ter maior significado, pois as pessoas desencarnam todos os dias e nada impede que a separação definitiva do corpo e perespírito se dê em uma dia particular, a não ser o plano de vida pessoal evolutivo daquele que nos deixa.
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Na manhã de 30 de Junho de 2002 Chico Xavier nos deixava. À tarde, na Ásia, conquistávamos mais um titulo mundial de futebol. Sem sombra de dúvida dúvida, uma alegria malsã, pois Chico Xavier foi o maior médium brasileiro de que tenho notícia, sem demérito algum para os excepcionais médiuns que nasceram nesta terra, e ciotar nomes seria injusto pelas missões que acabaria por cometer.
Por outro lado, temos a insigne figura de Michel de Nostredame, o médico francês do Séc. XVI, que assombrou seus contemporâneos por suas previsões e hoje é uma das figuras mais controversas quando se fala em profecias. 450 anos depois da publicação de suas obras principais ainda discute-se o que teria ele dito e previsto.
Muitos entendem que Nostradamus teria sido um "médium" e da mesma forma que aqueles a quem chamamos de profetas e cujas previsões acham-se codificadas na Bíblia. Entrar nesta polêmica é a meu ver cair em uma armadilha. O movimento espírita nasceu com Alan Kardec, independente de entendermos que a mediunidade seja uma faculdade, um dom ou "acréscimo" (se é que assim podemos chamá-la) que é concedido a um ser com o fim de auxiliá-lo em sua caminhada no plano das formas e que por isto seu exercício preceda o surgimento da Doutrina Espírita. Sobretudo, inúmeras religiões fazem uso de alguma forma de mediunidade em seus exercícios espirituais e nem por isto devem ser confundidas com o efetivo exercício do espiritismo kardecista.
O ponto de vista aqui esposado, no entanto, afasta-se dessa discussão. Nostradamus parece dar provas de uma intimidade muito grande com os fatos que viriam a acontecer no que seria seu próprio futuro. Suas previsões propositadamente confusas e crípticas, como ele declara de próprio punho em sua Carta a César, são inequivocamente comprovadas por com fatos subseqüentes, pelo menos para as mentes mais sensíveis à complexa temática da profecia.
Se Nostradamus era um "médium" na acepção kardecista estrita do termo ou se ele próprio era o motor de suas próprias previsões é a meu ver uma discussão menor. Nesse caso, seria o mesmo que discutirmos o quão crescido espiritualmente Chico Xavier seria para receber as mensagens de seu mentor - segundo ele mesmo declarava - e traduzi-las para nosso entendimento e nível de compreensão. Ninguém se engane, para se receber mensagens espiritualmente elevadas e transmiti-las para terceiros é preciso que se tenha um desenvolvimento espiritual consoante com o do comunicador, ainda que aqui o termo consoante não queira dizer necessariamente igual.
Dessa forma, se Nostradamus "psicografava" mensagens sobre o futuro vindouro, teria que ter um entendimento no mínimo acima dos de sua época a respeito do sueria o futuro, da mesma forma que Chico Xavier não poderia ter escrito as suas psicografias se estivesse limitado apenas a um processo "mecânico" de transcrição.
Além do mais, em geral o médium é um explicador, um canal de comunicação de mensagens que vêm de um plano espiritual superior. Ele é o responsável por simplificar e permitir entender o que os demais não teriam como ter acesso. Nostradamus, por outro lado, vai na direção oposta: cifra as mensagens para impedir que o conhecimento antecipado de fatos que a humanidade de cada tempo não poderia ter acesso sem vir a ser prejudicada em sua marcha evolutiva. Definitivamente, não é tudo o que podemos saber a respeito de nosso próprio futuro.
Mas, se é secundária então a discussão sobre a mediunidade de Nostradamus, o que teria ele a ver com Francisco Cândido Xavier? Será que alguma de suas centúrias cita "o nosso Chico Xavier"? Minha resposta é um sonoro sim. Mas para tanto é preciso entrar-se na simbologia de Nostradamus, compreender como ele refere-se aos personagens do futuro.
Uma de suas enigmáticas quadras, que interpreto como uma referência ao advento do espiritismo é a Centúria IV, 25:
IV. 25. | |
Corps sublimes sans fin à l'œil visibles, Obnubiler viendra par ses raisons, Corps, front comprins, sens, chief & invisibles, Diminuant les sacrees oraisons. | Corpos sublimes sem fim aos olhos visíveis Virão obliterando (a consciência) por suas próprias razões Corpos, fronte comprimida, sentido(significado), CHIEF , invisíveis Diminuirão as sagradas orações |
Temos aí o estilo críptico de Nostradamus: do que está ele falando? Fala de corpos invisíveis "sem fins aos olhos visíveis". Qualquer um que já tenha tido uma experiência de visão direta de um espírito desencarnado (com evolução suficiente) sabe do que ele está se referindo. Muitos espíritos apresentam-se à visão do médium "sem pés", isto é, seus corpos parecem prolongar-se indefinidamente da cintura para baixo, como se trajassem um manto ou algo parecido. Suas ações sobre o médium também parece descritas no segundo verso. A atividade mediúnica muitas vezes exige que o médium tenha a sua consciência obliterada, dependendo da atividade a ser desenvolvida: efeitos físicos, psicografia, etc. Temos no terceiro verso um verdadeiro exemplo de uma enumeração de Nostradamus, que realmente nos dá o que pensar. Nessa enumeração temos seis termos: Corps, front comprins, sens, chief & invisibles. Por onde começar a entendê-la? Que tal "a fronte comrimida"? Esta era uma das marcas inequívocas da atividade psicográfica de Chico Xavier: a fronte comprimida pela mão ao receber uma mensagem mediúnica. O termo "sens" quer "sentido", "significado". Não é o significado da mensagem mediúnica que precisa ser compreendido? Mas há um terceiro termo, CHIEF, que não existe na língua francesa, nem arcaica, nem moderna. Temos "chef" (literalmente, "chefe"). Mas não temos CHIEF.
Qual o significado de CHIEF? Não que Nostradamus não use termos inexistentes na língua francesa, porém se há algo em sua obra que fascina são os conhecidos anagramas de nomes que encontramos. Por exemplo, no Presságio XI, Setembro, temos termos aparentemente sem sentido, como Denys e Annibal.
PRESAGE XI,Septembre. | |
Pleurer le ciel. à t'il cela faict faire?, La mer s'appreste. Annibal fait ses ruses: Denys mouille. classe tarde. ne taire, Na sçeu secret. & à quoy tu t'amuses?. | Chora o céu. Cabe a ti esse feito? O mar se prontifica. Annibal faz suas escaramuças sutis Dsney parte A frota tarda. Não se mate Não conhecias o segredo. E porque motivo te divertias? |
IX. 74 | |
Dans la cité de Fert sod homicide, Fait & fait multe beuf arant ne macter, Retour encores aux honneurs d'Artemide, Et à Vulcan corps morts sepulturer. | Na cidade de FERT SOD homicídio Feito, e feito múltiplo, o boi arfante não morreu Novo retorno às honras de Artemide E (restou) a Vulcão (o deus do fogo) os corpos mortos sepultar |
IX, 74 => 09,74 => 09,7+4=11 => 09,11 => SET,11
Esses argumentos estão sendo aqui colocados para justificar a observação de CHIEF, uma palavra inexistente, como FERT SOD, é provavelmente um anagrama parcial da identidade de alguém. Com certeza, se esta quadra fala do espiritismo, não será de Alan Kardec, mas que tal de
FRANCISCO CÂNDIDO (CHICO) XAVIER = CHIEF
Esta não é a única situação em que Nostradamus, pelo exposto, usou de anagramas (confusos) para cifrar a identidade um personagem. Há a de outro personagem, brasileiro em que isto acontece, porém deixarei este tema para outra oportunidade.
É importante observar que a quadra IV. 25 acima diz no quarto verso que "as sagradas orações diminuirão". O sentido desta profecia parece-me claro, uma vez que boa parte dos espíritas (principalmente no Brasil) eram anteriormente católicos.
Mas terá sido esta a única oportunidade em que Nostradamus terá citado Chico Xavier? Provavelmente não. Há uma outra referência, mas para tanto precisamos lançar mão de duas sextilhas combinadas e aviso ao leitor que são de complexa compreensão. A primeira é a Sextilha 16:
XI. 16. | |
En Octobre six cents & cinq, Pourvoyeur du monstre marin Prendra du Souverain le Cresme, Ou en six cents & six, en Juin, Grand ioye aux grands & au commun, Grands faits apres ce grand Baptesme. | Em Outubro seiscentos e cinco O Patrocinador do monstro marinho Prenderá do Soberano a Crisma Ou em seiscentos e seis, em Junho Grande júbilo aos nobres e ao comum Grandes fatos após seu grande batismo |
Não há meios de abordar o conteúdo total da interpretação desta quadra neste espaço exíguo. Vamos nos fixar então em uma das datas que são fornecidas, 606 em Junho. Nostradamus usou três datas para codifcar os intervalos possíveois para a eclosão de determinados eventos: o nascimento de Hitler (20-ABR-1889), o nascimento de Lênin (10-ABR-1870) e o nascimento de um terceiro personagem, que despontará ara o cenário mundial dentro de poucos anos, 20-JAN-1951. A data 606 corresponde ao número de meses, contados a partir da data de nascimento do terceiro personagem. Por exemplo, ao dividirmos 606 por 12 obtemos 50 anos e 6 meses como resultado. Esse valor inicial pode ser usado para estabelecermos "escadinhas", isto é , períodos possíveis para eclosão de determinados eventos. As escadinhas funcionam como "odômetros" em que ao aumentarmos determinadas quantidades, outras são diminuídas (a discussão deste método está fora do escopo deste artigo).
Dessa forma temos:
606=50 anos + 6 meses => 51 anos + 5 meses
(ao aumentarmos o número de anos em 1 unidade, diminuímos o número de meses em 1 unidade para compensar)20-JAN-1951 + 51 anos + 5 meses = 20-JUN-2002
Dessa forma, temos o período de 30 dias (a rigor seriam 50 dias) contados a partir de 20-JUN-2002: 20-JUN..20-JUL-2002.
Agora a sextilha complementar, a de número 17:
XI. 17 | |
Au mesme temps un grand endurera, Joyeux mal sain, l'an complet ne verra, Et quelques uns qui seront de la feste, Feste pour un seulement, a ce jour, Mais peu apres sans faire long sejour, Deux se donront l'un a l'autre de la teste. | Ao mesmo tempo um grande penará Alegria(júbilo) malsã(ão), o ano completo não verá E quaisquer uns que estejam na festa (do penta) Festa somente por um, a seu dia Mas pouco depois sem fazer longa morada Dois se verão l'un a l'autre pela testa |
A Sextilha 17, complementa a Sextilha 16; diz que ao mesmo tempo em que os fatos da Sextilha 16 estiverem acontecendo (e ela refere-se aos problemas de saúde de João Paulo II em 2002, que se intensificaram a partir de Junho) "um grande penaria" (e morreria, pois não veria o ano se completar). O segundo verso é mais direto então. Porque na Sextilha 16, o quinto verso cita que em 606 (entenda-se, no período 20-JUN..2-JUL-2002), haveria um grande júbilo para os grandes (os poderosos) e para o povo comum. Esse júbilo efetivamente aconteceu em 30-JUN-2002, quando o Brasil conquistou o inédito título de pentacampeão mundial de futebol. A Sextilha 17 17, por sua vez, diz que enquanto esse júbilo estivesse em gestação durante a campanha, um grande estaria a penar, vivendo seus últimos dias.
O júbilo na festa pela conquista do pentacampeonato foi um júbilo malsão, a despeito da música-símbolo que caracterizou as comemorações interpretada por uma cantora baiana.
Que a Divina Luz esteja entre nós
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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