No moinho de cana foi-se a primeira lágrima, suas mãos tremulas mostravam a idade avançada daquele senhor escravo, ainda em seus cabelos brancos deixam seu suor cair em seu corpo musculoso mas com dores orçadas nas lidas da cana, no amanhecer o dia já tinha começado e no orvalho da noite ainda se ouvia a grande roda com seu rugido estridente assoar a noite na penumbra da vela, alias vela esta acesa ao pé do oratório que o velho aproveitava para fazer suas orações, já tarde ia dormir, mas não antes de mastigar um pedaço do pão deixado a porta do engenho pela sinhazinha, o sol não tardia a aparecer e a noite era curta, mas somente em sua dormida é que podia sonhar aquele velho senhor, sonhara com sua liberdade, sonhava as vezes com um bom alimento, com os amigos também sonhara, mas estes nunca mais veria, pois os que mais amava já se foram, morreram novos, alguns até que aguentaram bastante a lida, mas a sorte os deixou cedo, amanheceu dia após dia, e nada mudara, todo dia era igual ao outro, o tempo parecia que tinha parado naquele lugar, mas em uma noite tudo iria mudar, deitou-se novamente o velho na palha que fizera colchão, no linho branco da coberta marcada pelo tabaco amarelado do cachimbo repousou seu corpo moribundo, o dia não amanheceu e os pássaros não cantaram naquela manhã, o sol estava escondido, as nuvens eram negras e logo a chuva começou a cair, o barulho da roda do engenho que por anos a fio assolhava a cada inicio do dia, não tinha se movido, o senhor viria ao encontro do nego fujão e foi com estas palavras que adentrou ao pequeno canto daquele seleiro que seu Benedito fazia de casa, notou estranho a luz azul transparecendo o pano que dividia aquele lugar, seria alguma lamparina diferente imaginou o senhorzinho, gritou novamente, mas o silencio era maior, e somente um ruido alterou aquele lugar, perto da cama jazia seu Benedito e uma pomba branca estava próxima dele a olhar, quando sentiu ser vista imediatamente voou e pra ora sairá daquele lugar, levara consigo o terço no bico, rodou por três vezes o céu e em um rasante pouso entrou no engenho, sinhozinho correu atrás e contou a todo o que se passou, a pombinha pousará ao pé do lugar onde aquele velho acendia suas velas e fazia sua orações, com o bico depositou o terço e saiu sumindo em seu voo no infinito, Benedito se foi, seu cachimbo ainda paira na borda da cama, único bem que possuía, não tinha salário, não tinha casa, as vezes esqueciam de dar-lhe o que comer, mas agora estava feliz, pois entre seus amigos deve estar.
Poema Emidio de Ogum
Que a Divina Luz esteja entre nós
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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